Este belo trabalho venceu o Oscar de Melhor
Filme Estrangeiro num ano em que havia concorrentes espetaculares como “O Grupo
Baader-Meinhof” e “Valsa Com Bashir”, mas é, ele próprio, uma obra brilhante.
Yojiro Takita é um dos grandes artesãos do
Japão atualmente, seu filme de samurai, “A Última Espada” é uma das mais
tocantes e gratificantes obras da década passada.
Comparando-o com o mestre Akira Kurosawa (e
desde já essa comparação pode soar obtusa), Takita possui uma predisposição
maior para ressaltar a emoção embutida nas implicações humanas de suas tramas,
enquanto que o mestre tinha por hábito impor um vigor narrativo que abarcava
todas as facetas de um filme e, por conseguinte, teorizava muito as emoções.
Takita tem um olhar bastante abrangente sobre
sua narrativa também, mas seus interesses humanos são de cunho afetivo, e isso
interfere nos filmes que realiza, tornando-os poderosas odes a seus próprios
personagens.
E afeto é o que não falta na história do jovem
que sonhava em fazer sucesso tocando violoncelo, mas acaba tendo de se resignar
e retornar, ao lado da esposa, para sua cidade natal onde atende por uma
inusitada proposta de emprego: Trabalhar numa espécie de agência funerária onde
“acondicionam” os mortos em seus caixões.
À princípio relutante com a natureza sinistra
da ocupação (e tão perplexo quanto todos aqueles que recebem essa informação),
ele percebe a tradição, o respeito, a generosidade e a importância do ato, e
passa a fazer desse o trabalho de sua vida.
Um belo, ponderado e
cativante convite à reflexão.
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