segunda-feira, 22 de agosto de 2016

A Partida

Este belo trabalho venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro num ano em que havia concorrentes espetaculares como “O Grupo Baader-Meinhof” e “Valsa Com Bashir”, mas é, ele próprio, uma obra brilhante.
Yojiro Takita é um dos grandes artesãos do Japão atualmente, seu filme de samurai, “A Última Espada” é uma das mais tocantes e gratificantes obras da década passada.
Comparando-o com o mestre Akira Kurosawa (e desde já essa comparação pode soar obtusa), Takita possui uma predisposição maior para ressaltar a emoção embutida nas implicações humanas de suas tramas, enquanto que o mestre tinha por hábito impor um vigor narrativo que abarcava todas as facetas de um filme e, por conseguinte, teorizava muito as emoções.
Takita tem um olhar bastante abrangente sobre sua narrativa também, mas seus interesses humanos são de cunho afetivo, e isso interfere nos filmes que realiza, tornando-os poderosas odes a seus próprios personagens.
E afeto é o que não falta na história do jovem que sonhava em fazer sucesso tocando violoncelo, mas acaba tendo de se resignar e retornar, ao lado da esposa, para sua cidade natal onde atende por uma inusitada proposta de emprego: Trabalhar numa espécie de agência funerária onde “acondicionam” os mortos em seus caixões.
À princípio relutante com a natureza sinistra da ocupação (e tão perplexo quanto todos aqueles que recebem essa informação), ele percebe a tradição, o respeito, a generosidade e a importância do ato, e passa a fazer desse o trabalho de sua vida.
Um belo, ponderado e cativante convite à reflexão. 

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