Muitos são os elementos que estabelecem uma
proximidade da elaborada e arrojada história de Mark Zuckenberg com “Cidadão
Kane”, a não-autorizada (e cinematograficamente louvada) biografia de Randolf
Hearst, concebida por Orson Welles.
E, por mais que a similaridade possa parecer
presunçosa para alguns, o diretor David Fincher criou uma obra digna da
comparação (e exemplos para isso não faltam, como a cena final, em que vemos o
personagem Zuckenberg ser cristalizado como um ‘Kane’ postiço, enquanto se vê
solitário com sua ‘Rosebud’).
Outono de 2003. Após levar um fora homérico de
sua namorada, o brilhante estudante de Harvard, Mark Zuckenberg (Jesse
Einsenberg, no papel de sua vida) coloca online um site feito às pressas onde
maldosamente os alunos poderiam comparar umas às outras as garotas do campus. O
servidor cai devido a um número recorde de acessos. Dias depois, baseado numa
idéia antes proposta por alunos veteranos (os gêmeos Winklevoos,
“interpretados” pelo mesmo ator, Armie Hammer), Mark cria e instala um novo
site; uma rede online de comunicação social que pode ser acessada por todos os
cadastrados, e conecta pouco a pouco, milhares de usuários.
O sucesso leva Mark a tornar-se uma
celebridade, ainda que os percalços desse caminho (magnificamente relatados
neste filme extraordinário) o coloquem nos tribunais, frente a frente, entre
outros, à seu melhor amigo, Eduardo Saverin (Andrew Garfield).
Contudo, infelizmente, o dado mais desconcertante acerca deste grande trabalho concretizado pelo roteiro soberbo de Aaron Sorkin e pela direção espetacular de David Fincher é o fato de ter perdido o Oscar de Melhor Filme para o insosso "O Discurso do Rei", tendo que a produção contentar-se em vencer os prêmios de Melhor Roteiro, Melhor Trilha Sonora e Melhor Montagem.
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