quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Boa Noite e Boa Sorte

Vez ou outra costuma acontecer de um ator (ou astro) aventurar-se atrás das câmeras e, nesse processo, revelar-se um diretor de inúmeros predicados: Até mesmo o hoje consagrado e cultuado Vittorio De Sica havia iniciado sua carreira artística como intérprete (e até galã!) antes de ir para trás das câmeras e se tornar esse gigante entre os diretores italianos, dando uma contribuição inestimável para o movimento do neo-realismo.
A Academia de Artes Cinematográficas, por sua vez, gosta de expressar sua simpatia por esse tipo de acontecimento: Entre seus ganhadores do Oscar figuram Robert Redford e sua direção em “Gente Como A Gente”, Kevin Costner em "Dança Com Lobos", Mel Gibson em “Coração Valente”, e mais recentemente, Ben Affleck em “Argo”.
Em 2007, foi a vez de George Clooney tentar a sorte e mostrar suas capacidades como diretor e roteirista tendo surpreendido em seu projeto anterior, o incomum “Confissões de Uma Mente Perigosa”.
Contudo, em comparação com aquele filme pequeno, algo simpático, cheio de vontade para com sua própria proposta, este “Boa Noite e Boa Sorte” é um salto quase inacreditável de sofisticação e arrojo.
Os eventos registrados se dão na década de 1950. Sob a amedrontadora perseguição ideológica do Senador McCarthy, que moveu a chamada "caça às bruxas"comunista nos EUA, o apresentador de televisão Edward R. Murrow (o excelente David Strathairn), decide, junto de uma brilhante e corajosa equipe de TV, mover um programa onde buscava, junto ao público norte-americano, esclarecer os fatos e quando necessário questionar a postura do Senador com relação a política de intimidação que se alastrava no país e que havia perigosamente se infiltrado, como bem havia ele percebido, nos meios de comunicação.

Mais do que o fundamental retrato de um estupendo momento da história norte-americana, em que a luta por liberdade de expressão se fez necessária, Clooney esbanjou coragem e talento em cada uma das decisões que tomou acerca da integridade artística de seu filme, concebendo assim uma obra-prima dirigida com desconcertante maestria e coragem, filmada com significativa fotografia em preto & branco.

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