quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Tomboy

A verdade é um elemento que se encontra sempre no fundo. De nossa alma, de nossas vidas, de nossa própria essência. Não existe como erradicá-la, sendo ela, afinal, a verdade. Resta apenas admití-la. Esse é o dilema existencial, ainda que estranhamente óbvio, com o qual a pequena protagonista irá se defrontar.
Ela é uma garotinha de sete anos que muda-se com sua família para um novo condomínio e logo faz amizade com as crianças moradoras do lugar. Entretanto, ela se diz um menino e, nos dias que se seguem, dá provas convincentes disso: se impõe entre os garotos e até mesmo arruma uma quase namoradinha entre as meninas.
Mas, sendo isso uma mentira, a verdade mais cedo ou mais tarde aparecerá. E da forma mais atroz e dolorosa possível.
Brilhante filme francês, primoroso na espontaneidade obtida pela encenação e, sobretudo, pela assombrosa naturalidade de seu elenco, constituído de crianças em sua maioria. Abordando o tema da crise de identidade sexual por um viés certamente inédito cinema -não apenas por causa da pouca idade de seu elenco, mas porque tudo o que envolve crianças, de modo geral, ganha um peso dramático mais significativo -esta obra se torna pertinente em sua aguda simplicidade. 
Nesse sentido, pelo tema complexo que aborda e pelo resultado conquistado, a direção é digna de aplausos.

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