Se há uma obra que representa o marco-zero por
meio do qual se iniciou a proliferação de produtos oriundos do Oriente em meio
aos consumidores do Ocidente, essa obra é “Akira”, por mais que a informação
contenha um certo exagero.
Não existe, contudo, mérito que seja
superestimado quando olhamos a acachapante realização técnica que é este
fabuloso longa-metragem de animação.
Adaptado de uma série premiada de mangás,
“Akira”, como aconteceu em vários casos de clássicos impressos do Japão daquele
período, foi adaptado para o cinema por seu próprio criador, o filosófico,
vigoroso e criterioso Katsuhiro Otomo.
Extraordinariamente fiel à sua contraparte de
papel, Otomo imprimiu à versão cinematográfica todas as poucas particularidades
que ainda faltavam aos quadrinhos: Uma narrativa minimalista e apoteótica,
instigante em sua montagem; uma trilha sonora espetacular, instantaneamente
considerada um clássico do gênero; e um repertórios de efeitos visuais e sonoros
que surpreendem sem cessar, até a cena final.
Após uma explosão nuclear que devastou Tóquio,
uma nova cidade surge em seu lugar, algumas décadas mais tarde: Neo-Tóquio, uma
metrópole em ebulição prestes a explodir numa guerra civil entre rebeldes políticos,
terroristas e classes inferiores da população. Alheios a isso tudo, e
completamente alienados estão Kaneda e sua gangue de jovens desajustados entre
os quais seu melhor amigo Tetsuo. Numa das muitas lutas contra gangues rivais
eles encontram por acaso um estranho anão dotado de poderes,que logo é levado
por militares junto do convalescido Tetsuo. Aos poucos devido a contínuas
experiências o próprio Tetsuo desenvolve poderes que podem por a cidade toda em
perigo. Cabe, entretanto, a Kaneda detê-lo.
A solução repousa nos poderes quase onipotentes
de um misterioso garoto chamado Akira, cuja aparição, já quase no final do
filme, coroa este grande trabalho de Otomo com uma sucessão de momentos
antológicos.
Outros trabalhos assinados por Katsuhiro Otomo se seguiram nos anos seguintes -em geral, memoráveis -como a antologia "Memories" e o também impressionante "Steamboy", mas nenhum foi capaz de colocar uma marca indelével na cultura pop e despertar um culto sem precedentes como a poderosa saga dos amigos Kaneda e Tetsuo.
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