quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Akira

Se há uma obra que representa o marco-zero por meio do qual se iniciou a proliferação de produtos oriundos do Oriente em meio aos consumidores do Ocidente, essa obra é “Akira”, por mais que a informação contenha um certo exagero.
Não existe, contudo, mérito que seja superestimado quando olhamos a acachapante realização técnica que é este fabuloso longa-metragem de animação.
Adaptado de uma série premiada de mangás, “Akira”, como aconteceu em vários casos de clássicos impressos do Japão daquele período, foi adaptado para o cinema por seu próprio criador, o filosófico, vigoroso e criterioso Katsuhiro Otomo.
Extraordinariamente fiel à sua contraparte de papel, Otomo imprimiu à versão cinematográfica todas as poucas particularidades que ainda faltavam aos quadrinhos: Uma narrativa minimalista e apoteótica, instigante em sua montagem; uma trilha sonora espetacular, instantaneamente considerada um clássico do gênero; e um repertórios de efeitos visuais e sonoros que surpreendem sem cessar, até a cena final.
Após uma explosão nuclear que devastou Tóquio, uma nova cidade surge em seu lugar, algumas décadas mais tarde: Neo-Tóquio, uma metrópole em ebulição prestes a explodir numa guerra civil entre rebeldes políticos, terroristas e classes inferiores da população. Alheios a isso tudo, e completamente alienados estão Kaneda e sua gangue de jovens desajustados entre os quais seu melhor amigo Tetsuo. Numa das muitas lutas contra gangues rivais eles encontram por acaso um estranho anão dotado de poderes,que logo é levado por militares junto do convalescido Tetsuo. Aos poucos devido a contínuas experiências o próprio Tetsuo desenvolve poderes que podem por a cidade toda em perigo. Cabe, entretanto, a Kaneda detê-lo.
A solução repousa nos poderes quase onipotentes de um misterioso garoto chamado Akira, cuja aparição, já quase no final do filme, coroa este grande trabalho de Otomo com uma sucessão de momentos antológicos.
Outros trabalhos assinados por Katsuhiro Otomo se seguiram nos anos seguintes -em geral, memoráveis -como a antologia "Memories" e o também impressionante "Steamboy", mas nenhum foi capaz de colocar uma marca indelével na cultura pop e despertar um culto sem precedentes como a poderosa saga dos amigos Kaneda e Tetsuo.

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