Sensacional realização de Sam Esmail (aclamado
como criador da premiada série “Mr. Robot”) que se inspira, com evidência, em
trabalhos como “500 Dias Com Ela”, “Antes do Amanhecer” e “Brilho Eterno de Uma
Mente Sem Lembranças”, sem deixar de agregar ao título um estilo próprio, onde
prevalece um roteiro brilhantemente bem executado, e uma identidade visual
digna de aplausos, qualidades, aliás, presentes também em seu trabalho
televisivo.
Acompanhamos assim a história romântica de Dell
e Kimberly (o simpático Justin Long e a bela Emmy Rossum, ambos também
creditados como produtores executivos), que se conhecem numa fila para a
apreciação de uma chuva de meteoros. É o momento em que o relacionamento entre
os dois nasce, já acrescido de todos os revezes e complicações que um
relacionamento a dois naturalmente tem, mas o filme irá regressar,
continuamente à esse momento, se revezando entre esse e outros quatro
específicos momentos da relação, para ilustrar a ordem cíclica com a qual esse
romance e seus altos e baixos irão se suceder ao longo dos próximos seis anos,
até, por fim, se acabar.
Ou será que não?
Em um dado momento, o roteiro engenhoso e algo
metafísico de Esmail irá flertar com possibilidades mais audaciosas, partindo
do princípio de que Dell, seu personagem principal, é um cientista, e portanto,
através de sua mente irrequieta passam todos os tipos de elucubrações
inesperadas: Ele acredita que tudo aquilo que vivencia pode (e, talvez, de
fato, seja) um sonho, no qual se desenham todas as recordações da relação com
Kimberly, e até mesmo outras que nunca teve; ou que, no momento em que se
conheceram (quando ela, à propósito, salva a vida dele de um atropelamento) ele
pode ter, realmente, morrido, e tudo o quê veio depois é um flash a passar
incessantemente por sua cabeça nos últimos instantes de vida (!); ou ainda, que
existem inúmeros universos paralelos e realidades alternativas, aos quais sua
mente e sua memória está visitando desesperadamente, em busca de algum, onde
por fim consigam terminar juntos.
É um filme que visita, portanto, todos os
humores pelos quais o coração apaixonado está sujeito a passar, por meio de um
viés pleno de criatividade, muito indicativo da competência de seu realizador:
Os diálogos são absolutamente primorosos.
Uma bela tentativa cinematográfica em capturar
esse sentimento indefinível que é o amor, por meio de uma cativante obra que
une ficção científica, comédia, drama, romance e um dos mais carismáticos
casais do cinema recente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário