sábado, 3 de setembro de 2016

Henry - Retrato de Um Assassino

A direção de John McNaughton imprime uma auto-consciência ao seu filme de tal maneira independente que os paradigmas de gênero, em momento algum, parecem interferir em sua narrativa. “Henry” possui uma postura tão singular entre os registros já perpetrados pelos gêneros de terror e suspense de uma mente perturbada que corremos o risco de não notar sua genialidade, tal é a excelência com a qual se vale de expedientes, e utiliza-os para fazer sua trama e seus personagens avançarem.
O ex-presidiário Henry (Michael Rooker, numa dessas atuações que ameaçam marcar a carreira de um ator) mora numa espelunca com um antigo colega de cadeia, Otis.
À eles, logo junta-se a irmã de Otis, Becky, se instalando no apartamento do irmão a fim de fugir de um casamento infernal e violento.
Uma estranha e explosiva dinâmica logo parece se formar neste trio: Otis dá claros indícios de uma doentia atração incestuosa por Becky, enquanto esta começa a afeiçoar-se à Henry, à medida que este tem atritos com Otis que vão num crescendo preocupante.
A partir da história real de Henry Lee Lucas, o diretor McNaughton forjou uma trama que se vale de seu baixo orçamento para consolidar-se como a obra brilhante que é: Os desenlaces de muitas das cenas, sobretudo dos assassinatos, são admiráveis na maneira elíptica com que são mostrados, deixando amplo espaço para a dedução.

O desfecho, sobretudo, é notável e responsável pela forma perene com que “Henry” consegue manter-se na memória.

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