A direção de John McNaughton imprime uma
auto-consciência ao seu filme de tal maneira independente que os paradigmas de
gênero, em momento algum, parecem interferir em sua narrativa. “Henry” possui
uma postura tão singular entre os registros já perpetrados pelos gêneros de
terror e suspense de uma mente perturbada que corremos o risco de não notar sua
genialidade, tal é a excelência com a qual se vale de expedientes, e utiliza-os
para fazer sua trama e seus personagens avançarem.
O ex-presidiário Henry (Michael Rooker, numa
dessas atuações que ameaçam marcar a carreira de um ator) mora numa espelunca
com um antigo colega de cadeia, Otis.
À eles, logo junta-se a irmã de Otis, Becky, se
instalando no apartamento do irmão a fim de fugir de um casamento infernal e
violento.
Uma estranha e explosiva dinâmica logo parece
se formar neste trio: Otis dá claros indícios de uma doentia atração incestuosa
por Becky, enquanto esta começa a afeiçoar-se à Henry, à medida que este tem
atritos com Otis que vão num crescendo preocupante.
A partir da história real de Henry Lee Lucas, o
diretor McNaughton forjou uma trama que se vale de seu baixo orçamento para
consolidar-se como a obra brilhante que é: Os desenlaces de muitas das cenas,
sobretudo dos assassinatos, são admiráveis na maneira elíptica com que são
mostrados, deixando amplo espaço para a dedução.
O desfecho, sobretudo, é notável e responsável
pela forma perene com que “Henry” consegue manter-se na memória.
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