Ao lado do primoroso exemplar sueco “Deixe Ela
Entrar”, de Thomas Alfredson, este é um filme que ousa contrapor o mito dos
vampiros à uma trama rebuscada que, no fim, revela-se uma história de amor. Se
tais elementos –que escapam completamente à comparação com “Crepúsculo” –já
conferem ao filme uma característica inusitada reforçada pela beleza e
dramaticidade da fotografia em preto & branco, essa estranheza é quase
garantida por sua distinção territorial: Estamos no Irã, numa cidadezinha
desolada de nome Bad City (as locações, contudo, se deram nos EUA, mesmo...),
onde uma vampira aparentemente jovem e de aspecto ligeiramente andrógino sai
todas as noites à procura de vítimas anônimas para suprir sua necessidade de
sangue.
A aparência inofensiva dela é um de seus muitos
trunfos.
Tal é a atmosfera apoteótica que cerca a
cidadezinha que seus habitantes circulam, indiferentes, ao redor de um imenso
buraco onde são jogados cadáveres daqueles que morreram –muitos deles, vítimas
da vampira!
Paralelamente, acompanhamos a desiludida rotina
de Arash, um garoto cujo esforço e as boas intenções (ele trabalha duro para
saudar as dívidas que o próprio pai contraiu com o traficante local, enquanto
busca desintoxicá-lo dentro de casa do vício em drogas) não conseguem impedi-lo
de continuar no mesmo ciclo vicioso de mediocridade no qual parece afundar sua
existência suburbana.
Do encontro entre Arash e a vampira floresce um
despertar que sutilmente parece ser capaz de mudar tudo.
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