quarta-feira, 26 de outubro de 2016

All Boys Love Mandy Lane

Ou “Tudo Por Ela”, título nacional que (além de pertencer também a outro filme francês, com Diane Kruger) é preguiçoso e bastante sintomático do descaso que a distribuidora aparentemente devia ter para com este filme, uma pérola de humor negro e brilhantismo cuja fama cresceu com o boca-a-boca positivo das platéias já nos festivais em que foi lançado em 2006.
O diretor Jonathan Levine, depois, realizaria outros êxitos, todos discorridos em gêneros diferentes (como a elogiada comédia dramática “50 %” e o pastiche de “Crepúsculo” –ainda que com um pouco mais de qualidade –“Meu Namorado É Um Zumbi"), o que talvez tenha ajudado a manter seu nome conhecido mais em nichos alternativos. Este, todavia, continua sendo seu melhor trabalho.
A grande sacada de “Mandy Lane” é construir uma atmosfera de terror amparada sempre em sua narrativa e na capacidade de sustentar as mais inesperadas atmosferas a partir de suas cenas. Uma demonstração de inventividade que supera seu baixo orçamento e qualquer tendência ocasional do roteiro em render-se a uma convenção de gênero.
O filme se concentra em Mandy Lane (a belíssima Amber Heard, revelada aqui, mas que ficou famosa mesmo pelo casamento tumultuado com o astro Johnny Depp) a garota mais linda e cobiçada da escola –tão mais atraente pelo fato de que aparenta exibir uma certa indiferença em relação a isso.
A chance para alguns rapazes –ou até algumas moças –conquistarem sua afeição surge durante o quê parece ser um inocente fim de semana numa casa de campo: Cenário perfeito e apropriado, como todos sabem, para um filme de terror.
A graça é perceber o tempo todo a auto-consciência da direção em relação á isso, e dela construindo as mais divertidas e interessantes cenas, mesmo que isso signifique apelar ocasionalmente para elementos que tornam o gênero indigesto para o menos afoitos, como sanguinolência e mutilação, além dos propósitos sempre pouco elucidativos das mortes.

“All Boys Love Mandy Lane” é, portanto, um filme de terror que PENSA o gênero de terror, e se torna curioso e interessante a partir dessa apropriação espirituosa dos cânones do gênero. Ah, e ter uma beldade hipnótica como Amber Heard em cena ajuda bastante!

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