Na época bastante relacionado com “Um Corpo Que
Cai” devido à similaridade extrema e confessa das duas tramas –e todos sabem
que Hitchcock era, no início da carreira de De Palma, a referência-mor –este
grande trabalho, também roteirizado com engenhosa noção de ritmo e lógica por
Paul Schrader, é hoje também muito comparado com a magnífica obra sul-coreana
“Old Boy”, devido à uma revelação surpreendente perto do seu final.
Mas, não vamos nos precipitar.
A história acompanha um milionário (Cliff
Robertson) que se vê numa situação perplexa: Sua esposa e filha são
seqüestradas.
Cedendo às bravatas dos policiais, ele concorda
em armar uma arriscada cilada para os seqüestradores, que termina de forma
trágica com as duas reféns mortas numa explosão.
Aproximadamente, dez anos se passam e ele
encontra uma mulher misteriosamente idêntica à sua esposa (Geneviéve Bujold,
que depois faria “Gêmeos-Mórbida Semelhança” com David Cronenberg), numa viagem
à Itália –e aí começam a surgir as características que aproximam este filme da
obra-prima de Hitchcock; assim como “Vestida Para Matar” se aproximava de
“Psicose” e “Dublê de Corpo”, de “Janela Indiscreta”.
Engana-se, contudo, quem achar que trata-se de
mera cópia: Assim como em seus outros trabalhos, Brian De Palma repensa o viés
psicológico e, sobretudo, a roupagem enquanto cinema atribuída à obra, e refaz
os passos de Hitchcock, talvez a partir de uma trama muita parecida, mas que
envereda por caminhos novos, seja ele do referencial cinematográfico (há, aqui,
um clima barroco que remete também ao extraordinário “Inverno de Sangue em
Veneza”), seja na concepção técnica (duas cenas onde a câmera realiza um
espetacular giro de 360 graus surpreendem por não serem mencionadas em nenhuma
antologia de cinema!) ou na pura e genuína intenção de realizar um grande filme
a partir do mais admirável dos materiais.
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