Em 2008, a Marvel Studios, com “Homem de
Ferro”, iniciou seu projeto em longo prazo que consolidar um universo
cinematográfico com as mesmas propostas de sinergia e interação que já regia o
seu universo dos quadrinhos, apinhado de super-heróis clássicos.
Poucos meses depois, o estúdio entregou este
novo filme do Incrível Hulk, dando continuidade ao seu plano de conectividade
(trazia uma ponta ilustre de Robert Downey Jr., o Homem de Ferro em pessoa,
deixando claro que tudo se passava num mesmo universo) e apagando toda e
qualquer relação com o longa anterior do personagem, dirigido poucos anos antes
por Ang Lee e, embora dotado de méritos, bastante incompreendido por público e
crítica.
Nota-se que o filme de Lee, e sua dramaturgia
complexa e abordagem desigual, serviram como uma espécie de contra-exemplo à
este filme: Em todos os sentidos, a Marvel tentou evitar as mesmas armadilhas
nas quais o filme de Lee caiu, e pelo qual foi amplamente malhado.
O filme era lento? Pois eis que entra o diretor
francês Louis Leterrier (do acelerado “Cão de Briga”, com Jett Li) vindo da
escola de filmes de ação de Luc Besson.
Os expectadores não gostaram da estética do CG
translúcido escolhido para retratar o Hulk? Pois aqui, os efeitos especiais
(bastante eficientes, por sinal, mas não perfeitos) tratam de concretizar um
Hulk cheio de renderizações e texturas que simulam sujeira, sombras e marcas
tornando-o bastante real e palpável.
O público achou um absurdo aqueles saltos
descomunais e quilométricos que o Hulk de Ang Lee dava (e que, por sinal,
propiciaram cenas muitos belas e interessantes e que, à propósito, eram
bastante fiéis com o que se passa nos quadrinhos)? Pois aqui, os realizadores
foram bastante sutis ao mostrar os saltos do Hulk: Ele ainda salta, cobrindo
vastas distâncias, mas isso quase não é mostrado, ficando mais no plano da sugestão.
Outra decisão envolveu afastar-se um pouco do
material das HQs, e concentrar-se um pouco numa percepção mais geral que os
expectadores tinham do personagem, o quê incluía assim aproveitar muitos
elementos também da clássica série de TV protagonizada por Bill Bixby e Lou
Ferrigno (este inclusive, fazendo uma participação especial).
Na nova versão do monstro verde da Marvel para
os cinemas o ator Eric Bana é, portanto, substituído por Edward Norton, no
papel já bastante icônico de Bruce Banner/Hulk (mais tarde, a própria Marvel
promoveria outra substituição colocando Mark Ruffalo no lugar de Norton,
obtendo finalmente o ator ideal para o papel), já no lugar da maravilhosa
Jennifer Connelly como Betty Ross entrou Liv Tyler, bastante festejada na época
por sua participação como Arwen na trilogia “O Senhor dos Anéis”, e para o papel
do General Ross (brilhantemente personificado por Sam Elliot) foi chamado o
sempre eficiente William Hurt, compondo um Ross muito mais vilanesco e menos
humano.
Percebe-se também o empenho da Marvel em evitar
mais uma vez girar em torno da origem do personagem, resumida na breve cena
inicial dos créditos.
A partir daí, o filme concentra-se em Bruce
Banner que, na condição de fugitivo do exército norte-americano, refugia-se à
princípio nas favelas do Rio de Janeiro a fim de buscar uma cura para sua
constante transformação no monstro denominado Hulk (o cenário brasileiro
permite, inclusive, uma ponta da linda atriz Débora Nascimento, dos poucos
membros do elenco a falar um português fluente e não afetado no filme).
Descoberto, Banner prossegue em sua fuga terminando por chegar aos EUA, onde
reencontra sua antiga paixão, Betty Ross, filha do homem que o persegue
obstinadamente, o General Ross.
A jornada de Banner acaba em Nova York, em meio
a uma luta devastadora contra outro ser monstruoso, o Abominável, resultado de
uma transformação sofrida pelo irascível comandante Emil Blonsky (Tim Roth,
compondo um vilão bastante satisfatório no que tange às cenas de ação).
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