Sempre dispostos a querer vestir a carapuça de
“xerifes do mundo”, os americanos são historicamente acostumados a se envolver
em assuntos que dizem respeito à ONU.
Não é incomum haver atritos e conflitos, e não
é incomum que alguns desses conflitos resultem em traumas que ganham registro
perene em seu histórico bélico.
É em um desses casos que se baseia a trama de
“Falcão Negro em Perigo” no qual, apesar de seus inegáveis méritos, o cinema
americano parece uma vez mais servir à um exercício distorcido de patriotismo e
exaltação deturpada de valores.
Ridley Scott conta com ênfase e primor técnico
como um grupo de soldados de elite norte-americanos, as Forças Delta e Ranger,
em uma missão da ONU na Somália devastada por uma guerra civil nos anos 1990
iniciaram uma arriscada operação que os colocou em meio ao caos urbano da
cidade de Mogadício, ocupada por ferozes milícias locais. A missão tornou-se
catastrófica quando um dos helicópteros de apoio, o Falcão Negro, foi derrubado
na praça central, logo seguido por outro.
Nesse ponto, a sucessão de cenas de combate
impostas por Scott, com uma noção primorosa e particular de ritmo, já é
atordoante.
Indefesos e encurralados, os soldados
precisaram ser resgatados pelas tropas remanescentes antes que virassem alvos
de uma carnificina, prolongando uma batalha angustiante e sangrenta por cerca
de 10 horas.
Como virou uma espécie de modismo naqueles anos
subseqüentes, todo diretor que se aventurava a fazer um filme de guerra seguia,
à risca e descaradamente, os passos de Steven Spielberg e seu antológico
“Resgate do Soldado Ryan”, e com Ridley Scott não foi muito diferente, ainda
que, sempre um magnífico diretor, ele encontrou nesta brutal e espetacular
história real, uma forma de entregar um trabalho, também ele, dotado de brilho
e autenticidade próprios.
Pode-se assim descrever “Falcão Negro em
Perigo” como a meia hora inicial de "Resgate do Soldado Ryan"
potencializada num filme de duas horas de duração.
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