quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Nausicaä do Vale do Vento

Embora já fosse um animador com relativa experiência na área, foi com e deste trabalho que Hayao Miyazaki iniciou a trajetória através da qual se tornou a referência em animação do modo como é conhecido.
Ele tinha uma ideia que, ao longo dos anos, percebeu ser incapaz de deixar de lado: A história de uma menina de tamanha coragem e nobreza que estava pronta para se sacrificar em prol do bem-estar do povoado e do mundo ao qual pertencia.
Os adultos, quando apareciam, revelavam-se desiludidos, ambiciosos, cegos pela própria ânsia de sobrepujar uns aos outros.
Uma ideia que, em inúmeros aspectos, representou um sopro de renovação na animação japonesa.
Nausicaä é uma jovem princesa moradora de um mundo futurista desolador, onde as pessoas buscam a subsistência, à duras penas, em vilarejos no deserto.  As extensões escaldantes são tão intransponíveis que a locomoção por terra foi quase abolida –em vez disso, as pessoas cruzam os céus em plataformas aéreas. Habilidade na qual Nausicaä é extremamente prodigiosa.
As poucas florestas que ainda restam são ainda piores do que os desertos: Sua vegetação desenvolveu, com o tempo, uma defesa biológica natural, que revelou-se nociva e letal para os seres humanos.
As máquinas voadoras, o alerta para com os cuidados à ecologia, os valores humanistas que impunham ambiguidade aos seus personagens evitando a maniqueísta definição de bons e ruins –aqui, Miyazaki já imbricava pelos temas que se tornariam caros ao seu cinema neste que é o marco zero para a criação do Studio Ghibli: Para viabilizar o projeto –tido como arriscado pela maioria dos estúdios de animação –ele e o produtor Yasuyoshi Tokuma fundaram seu próprio estúdio para a concepção desta obra, que mostrou-se um prodígio de público e crítica quando do seu lançamento.

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