Embora já fosse um animador com relativa
experiência na área, foi com e deste trabalho que Hayao Miyazaki iniciou a
trajetória através da qual se tornou a referência em animação do modo como é
conhecido.
Ele tinha uma ideia que, ao longo dos anos,
percebeu ser incapaz de deixar de lado: A história de uma menina de tamanha
coragem e nobreza que estava pronta para se sacrificar em prol do bem-estar do
povoado e do mundo ao qual pertencia.
Os adultos, quando apareciam, revelavam-se
desiludidos, ambiciosos, cegos pela própria ânsia de sobrepujar uns aos outros.
Uma ideia que, em inúmeros aspectos, representou
um sopro de renovação na animação japonesa.
Nausicaä é uma jovem princesa moradora de um
mundo futurista desolador, onde as pessoas buscam a subsistência, à duras
penas, em vilarejos no deserto. As
extensões escaldantes são tão intransponíveis que a locomoção por terra foi
quase abolida –em vez disso, as pessoas cruzam os céus em plataformas aéreas.
Habilidade na qual Nausicaä é extremamente prodigiosa.
As poucas florestas que ainda restam são ainda
piores do que os desertos: Sua vegetação desenvolveu, com o tempo, uma defesa
biológica natural, que revelou-se nociva e letal para os seres humanos.
As máquinas voadoras, o
alerta para com os cuidados à ecologia, os valores humanistas que impunham
ambiguidade aos seus personagens evitando a maniqueísta definição de bons e
ruins –aqui, Miyazaki já imbricava pelos temas que se tornariam caros ao seu
cinema neste que é o marco zero para a criação do Studio Ghibli: Para
viabilizar o projeto –tido como arriscado pela maioria dos estúdios de animação
–ele e o produtor Yasuyoshi Tokuma fundaram seu próprio estúdio para a
concepção desta obra, que mostrou-se um prodígio de público e crítica quando do
seu lançamento.
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