sábado, 28 de janeiro de 2017

Bilitis

Um autor polivalente, o fotógrafo britânico David Hamilton realizou inúmeros trabalhos artísticos ao longo das décadas de 1960 e 70, além de suas conhecidas (e controversas) obras fotográficas. Hamilton, além de um senso visual bastante incomum e refinado, tinha um fetiche quase ilícito por mulheres jovens até demais: Suas fotos flertavam abertamente, e explicitamente, com a sexualidade das ninfetas –isso em uma época onde tal fetiche não era tão repudiado quanto hoje.
E ele manteve esse mesmo estilo (alguns diriam essa mesma atenção compulsiva para uma obsessão!) nas obras que realizou fora do campo da fotografia, como contos de ficção e longa-metragens para cinema. Um deles, talvez, o mais famoso, é “Bilitis”.
A personagem-título (interpretada por Patty D’ Arbanville) é uma jovem estudante de um colégio inglês só para moças, no qual já ensaia seus primeiros passos na descoberta de sua sexualidade: Bilitis se envolve displicentemente com sua colega de quarto e com outras amigas, as quais tiram a roupa com relativa facilidade (!). Ela também se engraça (ainda que de maneira bem menos afoita) para o lado de um jovem fotógrafo que eventualmente aparece na escola.
O filme parece de fato seguir em direção a alguma premissa quando chegam as férias escolares e Bilitis resolve passá-las (sem maiores explicações!) na residência de um jovem casal que ela acabou de conhecer (!). Se a relação dela com o rapaz logo se mostra distante e apática, por outro lado com a moça, Melissa (interpretada por Mona Kristensen, esposa de Hamilton na época), Bilitis terá a oportunidade de viver novas experiências. E só.
Rapidamente, portanto, a obra se converte num produto banal que em pouca coisa difere de exemplares exibidos na “Sala Especial”, “Cine Privê” e outros programas do passado, especializados em filmes pornô-soft.
Se há algo notável nele, é sua bela trilha sonora, de melodias melancólicas, assinada por Francis Lai, que chegou a concorrer ao prêmio César, e sua direção de fotografia na qual Hamilton dedica toda sua vasta experiência no campo visual: Detratores vêem “Bilitis” quase como uma vídeo-aula do estilo fotográfico de Hamilton, onde ele demonstra seu bom gosto visual, sua paleta de cores planejadas e quentes, sua iluminação difusa, e sobretudo, a nudez onipresente das mulheres, em especial Patty D’ Arbanville com seu esguio corpo a ilustrar perfeitamente a obsessão de Hamilton –uma beleza que se encontra num meio-termo entre adolescente e mulher.

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