Um autor polivalente, o fotógrafo britânico
David Hamilton realizou inúmeros trabalhos artísticos ao longo das décadas de
1960 e 70, além de suas conhecidas (e controversas) obras fotográficas.
Hamilton, além de um senso visual bastante incomum e refinado, tinha um fetiche
quase ilícito por mulheres jovens até demais: Suas fotos flertavam abertamente,
e explicitamente, com a sexualidade das ninfetas –isso em uma época onde tal
fetiche não era tão repudiado quanto hoje.
E ele manteve esse mesmo estilo (alguns diriam
essa mesma atenção compulsiva para uma obsessão!) nas obras que realizou fora
do campo da fotografia, como contos de ficção e longa-metragens para cinema. Um
deles, talvez, o mais famoso, é “Bilitis”.
A personagem-título (interpretada por Patty D’
Arbanville) é uma jovem estudante de um colégio inglês só para moças, no qual
já ensaia seus primeiros passos na descoberta de sua sexualidade: Bilitis se
envolve displicentemente com sua colega de quarto e com outras amigas, as quais
tiram a roupa com relativa facilidade (!). Ela também se engraça (ainda que de
maneira bem menos afoita) para o lado de um jovem fotógrafo que eventualmente
aparece na escola.
O filme parece de fato seguir em direção a
alguma premissa quando chegam as férias escolares e Bilitis resolve passá-las
(sem maiores explicações!) na residência de um jovem casal que ela acabou de
conhecer (!). Se a relação dela com o rapaz logo se mostra distante e apática,
por outro lado com a moça, Melissa (interpretada por Mona Kristensen, esposa de
Hamilton na época), Bilitis terá a oportunidade de viver novas experiências. E
só.
Rapidamente, portanto, a obra se converte num
produto banal que em pouca coisa difere de exemplares exibidos na “Sala
Especial”, “Cine Privê” e outros programas do passado, especializados em filmes
pornô-soft.
Se há algo notável nele, é
sua bela trilha sonora, de melodias melancólicas, assinada por Francis Lai, que
chegou a concorrer ao prêmio César, e sua direção de fotografia na qual
Hamilton dedica toda sua vasta experiência no campo visual: Detratores vêem
“Bilitis” quase como uma vídeo-aula do estilo fotográfico de Hamilton, onde ele
demonstra seu bom gosto visual, sua paleta de cores planejadas e quentes, sua
iluminação difusa, e sobretudo, a nudez onipresente das mulheres, em especial
Patty D’ Arbanville com seu esguio corpo a ilustrar perfeitamente a obsessão de
Hamilton –uma beleza que se encontra num meio-termo entre adolescente e mulher.
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