Acumulando funções (ele é roteirista, diretor e
montador), Ti West elabora um conto de terror ao seu gosto, em termos de
atmosfera e ritmo. E dá para perceber que o gosto de Ti West, para filmes de
terror prima pelo básico: A simplicidade é uma de suas forças.
É envolto numa narrativa de tonalidades quase
clássicas que começa o enredo acompanhando dois funcionários do Hotel Yankee
Pedlar em seu último fim de semana de funcionamento. São eles, a jovem e
impressionada Claire (Sara Paxton, adequada) e o nerd e metido a sabe-tudo Luke
(Pat Healy).
Os dois dividem seu tempo ocioso no hotel
–praticamente sem hóspedes –compartilhando seu gosto por atividades
paranormais, as quais eles nem mesmo têm certeza se são verdadeiras. Uma delas,
o suicídio de Madeline O’ Malley e suas aparições subseqüentes como fantasma,
são lendas que correm pelo corredor do próprio hotel.
Faltando quarenta e oito horas para encerrar
suas atividades, o hotel recebe dois novos inquilinos temporários, uma ex-atriz
de TV com capacidades mediúnicas (a sumida Kelly McGillis, de “Top Gun”), e um
misterioso senhor idoso, que cisma com o quarto 353, justamente o palco da
tragédia.
Trabalhando inúmeras vezes
num inesperado registro cômico, Ti West subverte as estruturas com as quais os
apreciadores do gênero de terror ficaram tão acostumados devido à safra de
porcarias genéricas que sempre tomou o gênero. Seu filme deve muitos elementos
à “O Iluminado”, de Kubrick: A divisão por capítulos que confere unidade
gradual e diversificada ao peso crescente da atmosfera; a interferência do passado
em histórias fantasmagóricas resgatadas em narrações particulares e que fazem
as vezes de pistas falsas conforme o momento; cenas referenciais como o primeiro
instante dentro do quarto com a personagem de McGillis (uma mulher nua, um
quarto de hotel, revelações de ordem visual); ou as seqüências em que a câmera
explora incessantemente a simetria dos corredores; até mesmo o biótipo da atriz
Sara Paxton lembra os olhos esbugalhados e o corpo magricela de Shelley Duvall.
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