quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Hotel da Morte

  Acumulando funções (ele é roteirista, diretor e montador), Ti West elabora um conto de terror ao seu gosto, em termos de atmosfera e ritmo. E dá para perceber que o gosto de Ti West, para filmes de terror prima pelo básico: A simplicidade é uma de suas forças.
 É envolto numa narrativa de tonalidades quase clássicas que começa o enredo acompanhando dois funcionários do Hotel Yankee Pedlar em seu último fim de semana de funcionamento. São eles, a jovem e impressionada Claire (Sara Paxton, adequada) e o nerd e metido a sabe-tudo Luke (Pat Healy).
  Os dois dividem seu tempo ocioso no hotel –praticamente sem hóspedes –compartilhando seu gosto por atividades paranormais, as quais eles nem mesmo têm certeza se são verdadeiras. Uma delas, o suicídio de Madeline O’ Malley e suas aparições subseqüentes como fantasma, são lendas que correm pelo corredor do próprio hotel.
Faltando quarenta e oito horas para encerrar suas atividades, o hotel recebe dois novos inquilinos temporários, uma ex-atriz de TV com capacidades mediúnicas (a sumida Kelly McGillis, de “Top Gun”), e um misterioso senhor idoso, que cisma com o quarto 353, justamente o palco da tragédia.
 Trabalhando inúmeras vezes num inesperado registro cômico, Ti West subverte as estruturas com as quais os apreciadores do gênero de terror ficaram tão acostumados devido à safra de porcarias genéricas que sempre tomou o gênero. Seu filme deve muitos elementos à “O Iluminado”, de Kubrick: A divisão por capítulos que confere unidade gradual e diversificada ao peso crescente da atmosfera; a interferência do passado em histórias fantasmagóricas resgatadas em narrações particulares e que fazem as vezes de pistas falsas conforme o momento; cenas referenciais como o primeiro instante dentro do quarto com a personagem de McGillis (uma mulher nua, um quarto de hotel, revelações de ordem visual); ou as seqüências em que a câmera explora incessantemente a simetria dos corredores; até mesmo o biótipo da atriz Sara Paxton lembra os olhos esbugalhados e o corpo magricela de Shelley Duvall.

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