Divisor de águas no que tange à percepção
comercial de muitos elementos grotescos e escatológicos que, em sua época, eram
considerados exploitation –e, com efeito, ainda o são –este vigoroso trabalho de Tobe Hooper precisou
atravessar algumas décadas até ser absorvido pelo cinemão comercial e ganhar
continuações, refilmagens e uma hoje inquestionável aura de cult-movie.
Em sua época, contudo, muitos foram os que
quiseram questioná-lo –não sem uma certa razão –apontando o dedo para o
objetivo escancaradamente sensacionalista do diretor Hooper em chocar as platéias,
embora fique claro, numa revisão, que sua condução evita excessos mais abusivos
de sangue e violência física,preferindo uma violência psicológica que soa ainda
mais brutal.
Narrado pela voz grave e desconfortavelmente
aflitiva de John Larroquette, a trama começa nos anos 1970 e registra um caso
que a narração afirma insistentemente ser real: Enquanto viajavam pelas
estradas do Texas, um grupo de jovens oferece carona a um jovem perturbado a beira
da estrada, que termina incomodando a todos. Exacerbados pela experiência e
dispostos a encontrar um local para descansar, eles procuram pelos moradores da
região, mas encontram uma família de canibais psicopatas que os perseguirão e
matarão um a um. Leatherface (Gunnar Hansen), o membro mais emblemático dessa
família ostenta como arma uma terrível e poderosa motosserra.
Este registro icônico, pleno de um sarcasmo
cruel, de um massacre promovido por uma família de psicóticos nos campos
longínquos do Texas é, na realidade, inspirado no caso real do psicótico Ed Gein,
que antes inspirou também “Psicose”, de Hitchcock. Realizado com paixão, ainda
que provido de uma perturbadora e deliberada inclinação à controvérsia, este filme
independente de baixíssimo orçamento, feito pelo diretor Tobe Hooper (assíduo
no gênero de terror) possuía a clara intenção de quebrar convenções e
estabelecer novos paradigmas de narrativa, valendo-se de uma crueza e um senso
de exacerbado realismo para criar tensão e medo.
Para uma parte do público,
ele alcançou ferozmente este objetivo, para a outra parte, ele fez um filme inquietante,
torpe e abusivo, cujos dias posteriores eram dedicados à tentativa de esquecer
seus momentos intensos.
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