O diretor Sergio Leone, então, famoso pela
reformulação do gênero faroeste com o western spaghetti (em especial, a sua
“Trilogia dos Dólares”), começava, aos poucos, a deixar o gênero com o qual
críticos e fãs pareciam querer atrelá-lo, primeiro com seu magnífico e
revisionista "Era Uma Vez No Oeste", e depois com este belo e curioso
trabalho, visívelmente pertencente a um gênero indefinido, e que meio que
compõe uma trilogia sobre os EUA, e que levaria ao magistral "Era Uma Vez
Na América".
Aliados pelas circunstâncias, um ex-militante
irlandês especialista em explosivos (James Coburn) e um bandoleiro da fronteira
entre o México e os EUA (Rod Steiger) transitam pelos prados ora mexicanos, ora
americanos, pouco a pouco envolvendo-se cada vez mais profundamente na sanguinolenta
revolução que dominou aquela região, na primeira metade do século XX.
Se o irlandês (chamado “fogueteiro” pelo
companheiro), em face de um estóico idealismo, nutre certa lealdade pelos
conceitos da revolução, o bandoleiro, embora diretamente relacionado às
transformações políticas em sua volta, enxerga as coisas com mais pragmatismo.
São dois personagens bem interpretados e relativamente bem construídos, cuja
dinâmica é bastante divertida de ser assistida na tela (a exemplo também do que
ocorria com o trio de antagonistas no emblemático e delicioso “Três Homens em
Conflito”), a despeito de todo o cunho social que o diretor Sergio Leone tenta
impor, sobretudo, na sombria segunda metade do filme.
Amparado em todos os
elementos que fizeram sua fama merecida, esta produção incomum ostenta uma
narrativa hipnótica, operística e embevecida de clima, bem ao gosto de Leone
que conduz tudo sem resvalar em convenções de gênero, e sem preocupar-se com a
ambigüidade moral de seus notáveis protagonistas.
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