quarta-feira, 19 de abril de 2017

Vestida Para Matar

No auge de sua fase referencial a Alfred Hitchcock, Brian De Palma cria uma variação fascinante de "Psicose", aonde assim como na obra do mestre do suspense, aquela que em principio parecia ser a protagonista (Angie Dickinson, loira e insinuante como as personagens de Hitchcock) aos olhos da platéia, é descartada numa cena brutal de morte e que confere também uma das reviravoltas do filme. Há, lógico, inúmeras outras cenas igualmente sensacionais construídas pelo esteta De Palma e que remetem diretamente Hitchcock, mas muitas delas (sobretudo a audaciosa revelação final do plot) são surpresas que precisam ser preservadas no filme.
Mulher adúltera (Dickinson) é morta logo após dormir com o amante em prédio de luxo. A única testemunha do crime (Nancy Allen, casada com De Palma na época), uma jovem prostituta passa a ser perseguida pela pessoa que supostamente cometeu o assassinato, iniciando ao lado do marido da vítima, um jogo de gato e rato.
Beneficiando-se de uma possibilidade de ousadia maior do que dispunha o mestre Hitchcock em sua época (ele só pôde transgredir um pouco mais no ótimo “Frenesi” realizado já nos anos 1970), De Palma amplia os conceitos de ambivalência sexual aliada ao suspense e à psicopatia que já pairavam sobre os temas de “Psicose”, mas os reveste aqui com uma narrativa ainda mais contundente e aprimorada nos meandros técnicos que regem as cenas, e que conferem, graças ao domínio do diretor, uma atmosfera de cortar a respiração.

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