No auge de sua fase referencial a Alfred
Hitchcock, Brian De Palma cria uma variação fascinante de "Psicose",
aonde assim como na obra do mestre do suspense, aquela que em principio parecia
ser a protagonista (Angie Dickinson, loira e insinuante como as personagens de
Hitchcock) aos olhos da platéia, é descartada numa cena brutal de morte e que
confere também uma das reviravoltas do filme. Há, lógico, inúmeras outras cenas
igualmente sensacionais construídas pelo esteta De Palma e que remetem
diretamente Hitchcock, mas muitas delas (sobretudo a audaciosa revelação final
do plot) são surpresas que precisam ser preservadas no filme.
Mulher adúltera (Dickinson) é morta logo após
dormir com o amante em prédio de luxo. A única testemunha do crime (Nancy
Allen, casada com De Palma na época), uma jovem prostituta passa a ser
perseguida pela pessoa que supostamente cometeu o assassinato, iniciando ao
lado do marido da vítima, um jogo de gato e rato.
Beneficiando-se de uma
possibilidade de ousadia maior do que dispunha o mestre Hitchcock em sua época
(ele só pôde transgredir um pouco mais no ótimo “Frenesi” realizado já nos anos
1970), De Palma amplia os conceitos de ambivalência sexual aliada ao suspense e
à psicopatia que já pairavam sobre os temas de “Psicose”, mas os reveste aqui
com uma narrativa ainda mais contundente e aprimorada nos meandros técnicos que
regem as cenas, e que conferem, graças ao domínio do diretor, uma atmosfera de
cortar a respiração.
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