Não poderia este ser muito diferente mesmo do
filme que é.
O Encouraçado Yamato é um elemento quase
folclórico na Japão (a ponto de ter sido tema dos mais variados filmes,
inspirando, inclusive, uma cultuada animação japonesa de ficção científica)
onde ele teve papel significativo na Segunda Guerra Mundial, daí o tom de
reverência deste filme que transpõe para a tela, de maneira claudicante e
irregular, as aventuras da embarcação e sua tripulação.
O filme começa em 2005, às vésperas do
aniversário de 60 anos do ataque a Okinawa –quando o Yamato foi afundado.
Nesse princípio, a narrativa do diretor Junya
Sato mescla desajeitadamente cenas ficcionais com documentários, e uma narração
em off destoante. Os muito habituados exclusivamente aos trabalhos de Akira
Kurosawa, Kenji Mizoguchi, Seijun Suzuki, Takashi Miike, ou mesmo Kinji
Fukasaku, no que diz respeito ao cinema japonês, ficarão decepcionados com este
filme: É uma obra absolutamente democrática, na qual a pressão em homenagear os
envolvidos confere certa solenidade à direção, o quê tolhe qualquer
oportunidade de ousadia. Lembra muito um filme feito para televisão.
Passa longe dos valores de produção de alguns
dos mais celebrados filmes de guerra dos últimos tempos, como “Resgate do
Soldado Ryan”, ou mesmo da pirotecnia ostensiva de “Pearl Harbor”, embora a
produção não tenha economizado recursos, sobretudo, na esmerada reconstituição
em detalhes práticas do Yamato, da proa à popa.
A história começa de fato ao mostrar uma jovem
desesperada por poder ser levada ao local, em alto-mar, que o Yamato afundou.
Suas razões são inicialmente nebulosas, assim como os motivos pelos quais um
navegador veterano de guerra –sobrevivente justamente do Yamato –decide, por
fim, levá-la até lá.
Os flashbacks que ilustram o restante da trama
estabelecem, com previsibilidade, os laços entre os dois, relatam diversas
tramas paralelas envolvendo os membros da tripulação do Yamato e acabam
servindo de pretexto –e somente isso –para a sucessão de cenas de combate,
entre a imensa embarcação e as forças norte-americanas, culminando no fatídico
dia em que o Yamato é afundado e o Japão, por conseqüência, derrotado.
São momentos intensos, contrastantes com o
registro ameno da vida doméstica do Japão dos anos 1940 registrados em sua
primeira parte, ainda que a direção não tenha sabido dosar os elementos
dramáticos –que terminam soando melodramáticos.
Defensores poderão dizer,
com alguma razão, que esta é uma postura condizente com a cultura japonesa,
onde a honra e o auto-sacrifício ganham uma grande importância, mas se
imaginarmos o quê sairia caso um dos grandes diretores japoneses citados acima
tivesse se encarregado do projeto, podemos calcular o quanto a direção é
limitada.
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