sexta-feira, 19 de maio de 2017

Gremlins

Após o enorme sucesso de “Tubarão” muitos foram os estúdios que buscaram lucrar investindo em produções que replicassem o apelo do sensacional suspense de Steven Spielberg, e isso gerou até mesmo uma espécie de sub-gênero (algo do qual podemos até falar um outro dia).
Uma dessas, digamos, “obras inspiradas” por “Tubarão”, foi a produção de baixo orçamento, “Piranha”, que destacou-se dos demais filmes que proliferaram com esse mote pela direção inventiva do jovem Joe Dante –tanto que o próprio Spielberg gostou bastante do resultado, o quê salvou o estúdio que bancou o filme de um belo processo da Universal!
Mais tarde, Spielberg expressou sua vontade de trabalhar com Dante produzindo “Gremlins”, um roteiro original escrito por Chris Columbus, e justamente um trabalho onde Joe Dante aproveitou para subverter a premissa básica do próprio “E.T.” de Spielberg: Um garoto e sua terna relação com um ser fantástico.
Se em “E.T.” havia o garotinho Elliot tentando ajudar um extra-terrestre que se perde na Terra e uma narrativa que refletia todas as boas intenções de seu realizador, assim como os elementos que sempre o fascinaram, em “Gremlins” a coisa era bem diferente.
O jovem e sonhador Billy (Zach Galligan), assim como sua bela namorada Kate (Phoebe Cates, maravilhosa) não vê muitas perspectivas na vida rotineira da pequena cidadezinha onde moram, cheia de pessoas provincianas ou ranzinzas.
Como presente antecipado de Natal, o pai de Billy, um inventor que tem lá seus sonhos também um pouco frustrados, dá a ele de presente um bichinho exótico chamado Gizmo (um verdadeiro primor de animatrônica que encanta desde a primeira cena).
Mas, existem três regras específicas para serem seguidas a fim de cuidar bem dele e não arrumar problemas com o bichinho.
A primeira: Nunca expô-lo à luz forte (isso pode matá-lo!).
A segunda: Deixá-lo sempre longe de água –pois ele se multiplica exponencialmente sempre que se molha (e, desnecessário dizer que essa é uma regra que logo é quebrada).
E a terceira e mais importante: Nunca de forma alguma alimentá-lo depois da meia-noite.
Quando essa terceira regra é descumprida, uma metamorfose começa a ocorrer com os vários bichinhos que, de seres pequeninos e felpudos, se transformam em criaturas assustadoras que lembram duendes reptilinianos: Os endiabrados Gremlins.
O caos que eles promovem na cidadezinha (e que revela uma inconseqüência deliciosa da parte das criaturas) é mostrado pelo diretor Dante com uma irreprimível satisfação compartilhada pelo expectador: Se Spielberg é um garoto bom e educado, então Dante é uma criança muito, muito má!
Uma mescla cheia de estilo e personalidade entre comédia de rasgado humor negro, aventura juvenil e terror pueril, uma das produções mais lembradas e cultuadas dos anos 1980 e um dos vários filmes apadrinhados por Steven Spielberg daquele período (cujo exemplar mais honorável é certamente a “Trilogia De Volta Para O Futuro”) que hoje são lembrados como divisores cinematográficos de águas na memória afetiva de toda uma geração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário