Em sua trajetória como diretor de cinema, o
astro Clint Eastwood fez pelo menos duas obras de grandeza inquestionável. Um,
certamente, é o seu monumental faroeste, “Os Imperdoáveis”, e o outro,
provavelmente, é este estupendo “A Troca”.
Baseado na história real de Christine Collins.
Nos anos 1920, ela, uma funcionária pública e mãe solteira
(Angelina Jolie, impecável) tem seu filho de nove anos dado como desaparecido.
Cinco meses depois, após buscas infrutíferas e críticas constantes a sua
ineficiência, a polícia de Los Angeles lhe entrega um menino, afirmando ser o
filho que ela perdera. Mas a mãe está plenamente convicta de que aquele não é
seu filho, e desespera-se ao perceber que as buscas foram encerradas.
Numa situação em que pode constranger e
comprometer a atuação da polícia, os membros da força resolvem calá-la
internando-a em uma clínica psiquiátrica, alegando insanidade. Mas nem mesmo isso
poderá calar sua voz aflita.
Pouco a pouco, este grande
trabalho na direção de Clint Eastwood vai deixando de ser aquilo que aparentava
no princípio (um suspense dramático sobre uma criança desaparecida) e envereda
por uma história salutar e transformadora (e ainda espantosamente real!), por
meio da qual os esforços e convicções de uma mulher foram capazes de operar
mudanças em toda uma sociedade. Para tanto, é providencial e notável a
participação de John Malkovich (num personagem que ganha força e expressão no
segundo terço de filme). Notável também é a maneira que Eastwood, em sua direção
sempre serena e requintada, enfatiza os elementos macabros inerentes à trama –e,
num determinado momento, os registros de psicopatia a que chegam as ramificações
da trama (envolvendo até mesmo crianças!) são, de fato, chocantes. Um filme
dramático, humano, cru, e no entanto, dos mais recompensadores do cinema.
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