sábado, 20 de maio de 2017

O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro

Por algum tempo, acreditava-se que a reformulação do Homem-Aranha havia dado certo.
O diretor Marc Webb, ao substituir Sam Raimi beneficiou-se de alguns elementos até bastante alheios às suas opções como realizador, como por exemplo, o fato de dar ao novo filme aspectos mais fiéis aos quadrinhos (sendo, talvez o mais notável a questão envolvendo os lançadores de teia), e a tecnologia 3D, difundida pelo êxito de “Avatar” e muito em voga na predileção do público, à qual esta produção beneficiou-se de uma oportuna agenda de filmagens para lançar mão.
Esses fatores garantiram uma certa recepção positiva da parte da crítica e do público e, embora houvessem aspectos ainda não digeridos no filme anterior (como o inapropriado tom sombrio adotado e a importância, em última instância redundante, dada aos mistérios que cercavam a morte dos pais de Peter Parker), Webb ganhou a chance para fazer uma continuação onde poderiam ser confirmados seus acertos ou evidenciados em definitivo os seus erros.
Bem mais confortável na persona de Homem Aranha que assumiu após os eventos do filme anterior, o recém-formado Peter Parker (Andrew Garfield, deixando que sua declarada paixão pelo personagem interfira em sua atuação fazendo-o histriônico) tem de lidar com seu romance com a jovem Gwen Stacy (a adorável Emma Stone), que além de tornar-se mais sério, enfrenta o dilema de uma vindoura viagem para a Inglaterra.
Em meio a isso, seu amigo de infância, Harry Osborn (Dane Dehaan, uma boa escolha, apesar de tudo), reaparece assim como surge também uma nova ameaça, representada pelo perigoso Electro (Jamie Foxx, na pior atuação de sua carreira).
As inúmeras tramas paralelas do filme ameaçavam o tempo todo se atropelar –incluindo aí um arco memorável dos quadrinhos que faria a alegria dos fãs mais antigos do Homem Aranha.
O diretor Mark Webb fez um trabalho razoável, confiando especialmente na segurança e descontração de seu elenco, onde certamente destaca-se a química palpável do casal Andrew Garfield e Emma Stone; sua ênfase recaiu sobre as minúcias narrativas, destacando alguns aspectos íntimos e valendo-se de certa seriedade para, mais uma vez, desvencilhar-se das comparações com a trilogia anterior de Sam Raimi.
Mas, algo em seu filme definitivamente não conseguiu funcionar –talvez, sejam seus excessos refletidos no controle intrusivo exercido pelo estúdio no resultado final: Tantas foram as escolhas melindrosas acumuladas aqui que o filme carece de um cerne, deixando transparecer exatamente o quê uma produção pode se tornar quando ela fica à mercê de um comitê e sem um bom senso sólido e criativo.
Embora tenha lá seus méritos, o segundo filme de Marc Webb com o escalador de paredes é, acima de tudo, definido por seus equívocos, o quê acarretou péssimas críticas e insatisfatórias bilheterias e levou o estúdio da Sony a interromper os planos dessa franquia –a trama elaborada pelo roteiro tinha uma clara estrutura de trilogia –e a firmar com a Marvel Stúdios uma parceria até então sem precedentes: Eles emprestaram o personagem do Homem-Aranha (agora interpretado por Tom Holland, de “O Impossível”, um jovem e talentoso ator que consegue reunir características tanto de Tobey Maguire, quanto de Andrew Garfield), para que a Marvel primeiro o incluísse no menu de personagens presentes em “Capitão América-Guerra Civil”, e depois para que a própria Marvel, com toda sua comprovada habilidade, concebesse um filme-solo do herói, desta vez, ambientado no Universo Marvel Cinematográfico, e (espera-se) absolutamente fiel a todos os elementos do personagem que foram, por ventura, desvirtuados nessas outras produções.
Seu título?
“Homem-Aranha De Volta Ao Lar”

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