quarta-feira, 17 de maio de 2017

O Americano Tranquilo

Vietnã. 1950. Ainda sobre a névoa de estranheza da situação política do país, cercado pelos recursos bélicos soviéticos enquanto sofrem uma pressão da diplomacia francesa, um veterano e meio que acomodado jornalista inglês (Michael Caine, extraordinário) conhece um jovem americano (Brendan Fraser, adequado ao papel). O rapaz não esconde a atração pela linda amante vietmanita do jornalista, e lhe toma a amada, prometendo o matrimônio que o inglês (já casado) não pode lhe oferecer.
Com o passar do tempo, e conforme vão se acirrando as tensões políticas, a situação dos personagens vai se transformando ficando claro o estrago notável criado pelo americano tão cheio de boas intenções.
É, portanto, uma postura narrativa de natureza tão clara quanto alegórica a que assume o diretor Phillip Noyce nesta adaptação de um romance de Graham Greene que sinalizava uma mudança em sua carreira, nos moldes da evolução promovida por “Los Angeles-Cidade Proibida” na carreira de Curtis Hanson: Um diretor de filmes competentes ainda que medianos (e neste caso bastante voltados para o gênero de ação) dando um salto de sofisticação com um projeto de elevada qualidade.
Não chegou a tanto, embora este filme contenha sim, um apanhado de méritos: Brendan Fraser não está nada mal, mas Michael Caine beira a genialidade na sua apurada interpretação neste curioso e incomum suspense de guerra.
Fraser representa assim a intervenção norte-americana na Vietnam e, num recurso que o diretor insiste em manter sempre, a bela e passiva Phuong (Do Thi Hai Yeng, de uma esplendorosa beleza oriental), é o Vietnam, que testemunha continuamente seu destino ser debatido, decidido e escolhido por outrem.
Uma alegoria política, ora sutil e inspirada, ora propensa a alguns exageros técnicos, mas sempre bem conduzida e elegante. Uma boa pedida.

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