Vietnã. 1950. Ainda sobre a névoa de estranheza
da situação política do país, cercado pelos recursos bélicos soviéticos
enquanto sofrem uma pressão da diplomacia francesa, um veterano e meio que
acomodado jornalista inglês (Michael Caine, extraordinário) conhece um jovem
americano (Brendan Fraser, adequado ao papel). O rapaz não esconde a atração
pela linda amante vietmanita do jornalista, e lhe toma a amada, prometendo o
matrimônio que o inglês (já casado) não pode lhe oferecer.
Com o passar do tempo, e conforme vão se
acirrando as tensões políticas, a situação dos personagens vai se transformando
ficando claro o estrago notável criado pelo americano tão cheio de boas
intenções.
É, portanto, uma postura narrativa de natureza
tão clara quanto alegórica a que assume o diretor Phillip Noyce nesta adaptação
de um romance de Graham Greene que sinalizava uma mudança em sua carreira, nos
moldes da evolução promovida por “Los Angeles-Cidade Proibida” na carreira de
Curtis Hanson: Um diretor de filmes competentes ainda que medianos (e neste
caso bastante voltados para o gênero de ação) dando um salto de sofisticação
com um projeto de elevada qualidade.
Não chegou a tanto, embora este filme contenha
sim, um apanhado de méritos: Brendan Fraser não está nada mal, mas Michael
Caine beira a genialidade na sua apurada interpretação neste curioso e incomum
suspense de guerra.
Fraser representa assim a intervenção
norte-americana na Vietnam e, num recurso que o diretor insiste em manter
sempre, a bela e passiva Phuong (Do Thi Hai Yeng, de uma esplendorosa beleza oriental),
é o Vietnam, que testemunha continuamente seu destino ser debatido, decidido e
escolhido por outrem.
Uma alegoria política, ora
sutil e inspirada, ora propensa a alguns exageros técnicos, mas sempre bem
conduzida e elegante. Uma boa pedida.
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