Ainda que abraçando em diversos de seus
momentos, um tom assumidamente melodramático, esta produção sul-coreana se
beneficia tão bem da técnica extraordinária dos realizadores daquele país que
deslizes de exagero, nesta ou naquela cena, passam batidos diante da boa condução
e do fantástico equilíbrio que eles mantêm durante todo o filme.
E olhe que “Pandora”, em sua produção grandiosa
e abrangente, poderia muito bem ter se perdido em algum ponto entre suas muitas
tramas paralelas, seus personagens numerosos, seu tema catastrófico que, de
intimista, vai ganhando ares cada vez mais megalomaníacos, até envolver toda a
nação.
O diretor Park Jung-Woo realizou assim um
trabalho louvável na administração de uma produção vasta em logísticas
complexas, dezenas de unidades e núcleos dramáticos, dando a tudo um equilíbrio,
uma ordem narrativa e uma harmonia que, enxergados sob esse ângulo, chegam a
surpreender.
Numa cidadezinha de uma ilha sul-coreana é onde
está situada a usina nuclear de Hanbyul, cujos sistemas rigorosos de segurança,
ainda que antiquados e carentes de uma revisão, visam conter a possibilidade de
incidentes radioativos. Toda a comunidade trabalha ao redor da instalação,
inclusive Jae-Hyeok (Kim Nam-Gil), que sonha em viajar o mundo, longe do
trabalho claustrofóbico como funcionário da usina.
Os percalços dele e de sua família (mas não
apenas eles) serão enfocados, quando uma avaria nos sistemas de segurança da
usina –o quê compromete a refrigeração de um reator nuclear e leva a uma explosão
que contamina toda a região –dará início à uma situação perigosa que irá
evoluir até ameaçar a vida de toda a Coréia do Sul.
Não à toa, numa desnecessariamente estendida seqüência
final, o filme faz referência a uma cena de “Armageddon” –quando protagonista
tem oportunidade de dar adeus aos seus entes queridos por meio de uma transmissão
de TV –mostrando claramente que as tendências de exagero do filme não são mera
impressão. A sorte é que os realizadores sul-coreanos são muitos mais hábeis e
talentosos que Michael Bay e a grande maioria dos artesãos americanos.
Isso salva “Pandora” de ser
o filme catástrofe apelativo e escandaloso que, em muitos momentos, ele parece
querer ser.
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