terça-feira, 13 de junho de 2017

A Troca

Não confundir este filme com o magistral “ATroca” realizado por Clint Eastwood. Lançado no fim dos anos 1970, este filme teve alguma repercussão em meio aos consumidores de fitas de terror durante os anos 1990, na época do VHS, devido à sua natureza inventiva.
Dirigido por Peter Medak, do sarcasticamente amargo “A Classe Dominante”, o filme se inicia com um acidente; o compositor John Russel (George C. Scott) perde mulher e filha de maneira trágica. Buscando refazer a vida, ele se muda para um casarão solitário em outra cidade, onde não tarda a criar uma nova e aparentemente saudável rotina: Passa a lecionar aulas de música, a compor novas criações e até mesmo arruma amizade com a agente imobiliária (Trish Van Devere) que lhe vendeu a mansão.
O lugar, porém, não apenas parece, em todos os elementos cabíveis do gênero, com uma casa mal-assombrada: Ele é, de fato! E o espírito de um menino, morto em condições nebulosas, não irá parar de atormentá-lo, até que John encontre um meio de resolver os assuntos pendentes que conduziram à sua morte, e que dizem respeito à um senador em acirrada campanha eleitoral (Melvyn Douglas, de “Muito Além do Jardim”).
O passado trágico de John, de alguma maneira, o torna digno da confiança –ou, pelo menos, da claudicante tentativa de se comunicar –do fantasma em questão.
Talvez haja uma vaga analogia, da parte do diretor Medak em relação à política e ao tormento sobrenatural (e, levando-se em conta “A Classe Dominante” onde a política ganhava poderosos eufemismos, esta pode, realmente, ser uma das intenções do diretor), entretanto, tudo o mais adquire segundo plano diante do eficaz trabalho de atmosfera que o filme consegue obter: Ambientado num saudável período (início dos anos 1980), em que produções comerciais vinham ocasionadas por lampejos afirmativos de ousadia, e as restrições industriais ainda não tinham convertido muitos dos exemplares do gênero em amontoados de clichês, este pequena grande obra se equilibra muito bem entre a charmosa e nostálgica reafirmação do gênero “casa assombrada” a que pertence, e o salutar ímpeto criativo para se mostrar algo mais.

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