Não confundir este filme com o magistral “ATroca” realizado por Clint Eastwood. Lançado no fim dos anos 1970, este filme
teve alguma repercussão em meio aos consumidores de fitas de terror durante os
anos 1990, na época do VHS, devido à sua natureza inventiva.
Dirigido por Peter Medak, do sarcasticamente
amargo “A Classe Dominante”, o filme se inicia com um acidente; o compositor
John Russel (George C. Scott) perde mulher e filha de maneira trágica. Buscando
refazer a vida, ele se muda para um casarão solitário em outra cidade, onde não
tarda a criar uma nova e aparentemente saudável rotina: Passa a lecionar aulas
de música, a compor novas criações e até mesmo arruma amizade com a agente
imobiliária (Trish Van Devere) que lhe vendeu a mansão.
O lugar, porém, não apenas parece, em todos os
elementos cabíveis do gênero, com uma casa mal-assombrada: Ele é, de fato! E o
espírito de um menino, morto em condições nebulosas, não irá parar de
atormentá-lo, até que John encontre um meio de resolver os assuntos pendentes
que conduziram à sua morte, e que dizem respeito à um senador em acirrada
campanha eleitoral (Melvyn Douglas, de “Muito Além do Jardim”).
O passado trágico de John, de alguma maneira, o
torna digno da confiança –ou, pelo menos, da claudicante tentativa de se
comunicar –do fantasma em questão.
Talvez haja uma vaga
analogia, da parte do diretor Medak em relação à política e ao tormento
sobrenatural (e, levando-se em conta “A Classe Dominante” onde a política
ganhava poderosos eufemismos, esta pode, realmente, ser uma das intenções do
diretor), entretanto, tudo o mais adquire segundo plano diante do eficaz
trabalho de atmosfera que o filme consegue obter: Ambientado num saudável
período (início dos anos 1980), em que produções comerciais vinham ocasionadas
por lampejos afirmativos de ousadia, e as restrições industriais ainda não
tinham convertido muitos dos exemplares do gênero em amontoados de clichês,
este pequena grande obra se equilibra muito bem entre a charmosa e nostálgica
reafirmação do gênero “casa assombrada” a que pertence, e o salutar ímpeto
criativo para se mostrar algo mais.
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