quarta-feira, 21 de junho de 2017

Amor Sublime Amor

Já no apogeu do gênero musical em Hollywood, os diretores Robert Wise e Jerome Robbins se uniram para conceber um projeto singular: Enquanto o primeiro contribuiria com seu tino cinematográfico (ele já havia realizado “O Dia Em Que A Terra Parou”), o segundo se dedicaria aos elementos cênicos correspondentes ao gênero musical em si, como a coreografia e as músicas.
O projeto era a adaptação cinematográfica de uma recriação teatral de roupagem jovem da tragédia “Romeu e Julieta”, de Shakespeare, que refletisse, nas telas de cinema, o arrojo vibrante e inovador demonstrado nos palcos.
Foi a gênese de uma das grandes obras do cinema.
Logo em seu início, “Amor Sublime Amor” já tira de letra qualquer ressalva que o expectador pudesse ter em relação ao fato de ser um musical, e dá uma amostra vigorosa de seu estilo: Gangues rivais do lado leste de Manhattan (o "East Side"), lutam entre si num misto de balé e coreografia de briga –as cenas não são, assim, preenchidas por coreografias sem qualquer relação com a trama, a sinergia das danças é uma transfiguração quase poética dos próprios embates violentos da vida real!
Em meio a esse confronto de jovens (as gangues Sharks, de porto-riquenhos, e Jets, de descendentes anglo-saxões), em sua maioria imigrantes latinos, como é possível perceber, um rapaz e uma moça, Tony (Richard Beymer) e Maria (Natalie Wood), cada qual de um lado, encontram juntos o amor e almejam ficar um com o outro. Mas a realidade em que vivem não permitirá que iniciem uma vida juntos.
Um dos grandes méritos do filme é unir uma percepção contundente de cinema (seus valores de produção continuam, décadas depois, assombrosos!) ao fato inquestionável de que esta obra se posiciona como um musical primoroso; e canções antológicas da trilha sonora (como a inesquecível “America”, “Maria”, “Tonight” e “One Hand One Hart”) são prova cabal disso.
Realizado numa época em que esse gênero começava a decair em Hollywood, e a contracultura surgia como forma de sublinhar a realidade da América, os diretores Wise e Robbins capturaram esses elementos (o esplendor dos grandes musicais, e o fôlego renovado de um cinema que se voltava para a realidade) para criar este musical arrojado, merecido vencedor de 10 Oscars.

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