Para muitos a obra-prima de Martin Scorsese,
este filme, onde ele finalmente pode valer-se de seu talento sem igual, e sua
técnica fabulosa para ilustrar sua visão pessoal dos gangsteres, a exemplo do
que seu conterrâneo, Francis Ford Coppola já havia feito (e pelo qual ganhou
ampla consagração) em “O Poderoso Chefão”, faz parecer que Scorsese realizou
filmes sobre máfia a vida toda: Na realidade, são bem poucos títulos e, antes
deste, datada de 1990, ele só havia realizado o independente “Caminhos
Perigosos” que focava em criminosos marginais.
Em “Os Bons Companheiros”, sua atenção recai
sobre os aspetos sedutores da vida dos mafiosos, e no quanto ele são decisivos
na definição do fascínio de seu jovem protagonista, algo que ele reitera
bastante ao longo de sua formidável narração em off.
Nos anos 1960, em Nova York, Henry Hill, um
garoto de doze anos inicia sua carreira de gangster, apadrinhado por marginais
poderosos ainda não-pertencentes à Máfia. Durante trinta anos (e já vivido por
Ray Liotta, que dá conta do recado), sempre com os mesmos companheiros
descendentes de irlandeses e italianos (interpretados por um metódico Robert De
Niro e um explosivo Joe Pesci), ele enriquece à custa de crimes, casa-se com
uma judia (a bela Lorraine Bracco) e sofre os efeitos do comportamento do meio
em que vive.
Como era de se esperar neste fenomenal
épico-gangster, a trajetória de ascensão e queda em direção à mediocridade de
seu protagonista é narrada com a costumeira paixão que o diretor
italo-americano Scorsese dá a seus projetos, tanto que na cerimônia do Oscar de
1990, ele competiu diretamente com “O Poderoso Chefão-Parte 3”, o último filme
da trilogia com a qual “Os Bons Companheiros” passou a ser para sempre
comparado –e ele é, diga-se, digno dessa comparação.
Vale lembrar que no Oscar daquele ano, tanto
“Os Bons Companheiros”, como “O Poderoso Chefão-Parte 3” perderam para o
faroeste “Dança Com Lobos”, de Kevin Costner, um filme que os críticos são
unânimes em afirmar que é inferior a este grande trabalho de Scorsese.
É uma história calcada na
violência crua que ele já havia retratado magnificamente em "Taxi
Driver" com atuações esplêndidas de todo o seu elenco, sobretudo o
baixinho e ameaçador Joe Pesci (ganhador do Oscar de Ator Coadjuvante).
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