sábado, 10 de junho de 2017

Os Bons Companheiros

Para muitos a obra-prima de Martin Scorsese, este filme, onde ele finalmente pode valer-se de seu talento sem igual, e sua técnica fabulosa para ilustrar sua visão pessoal dos gangsteres, a exemplo do que seu conterrâneo, Francis Ford Coppola já havia feito (e pelo qual ganhou ampla consagração) em “O Poderoso Chefão”, faz parecer que Scorsese realizou filmes sobre máfia a vida toda: Na realidade, são bem poucos títulos e, antes deste, datada de 1990, ele só havia realizado o independente “Caminhos Perigosos” que focava em criminosos marginais.
Em “Os Bons Companheiros”, sua atenção recai sobre os aspetos sedutores da vida dos mafiosos, e no quanto ele são decisivos na definição do fascínio de seu jovem protagonista, algo que ele reitera bastante ao longo de sua formidável narração em off.
Nos anos 1960, em Nova York, Henry Hill, um garoto de doze anos inicia sua carreira de gangster, apadrinhado por marginais poderosos ainda não-pertencentes à Máfia. Durante trinta anos (e já vivido por Ray Liotta, que dá conta do recado), sempre com os mesmos companheiros descendentes de irlandeses e italianos (interpretados por um metódico Robert De Niro e um explosivo Joe Pesci), ele enriquece à custa de crimes, casa-se com uma judia (a bela Lorraine Bracco) e sofre os efeitos do comportamento do meio em que vive.
Como era de se esperar neste fenomenal épico-gangster, a trajetória de ascensão e queda em direção à mediocridade de seu protagonista é narrada com a costumeira paixão que o diretor italo-americano Scorsese dá a seus projetos, tanto que na cerimônia do Oscar de 1990, ele competiu diretamente com “O Poderoso Chefão-Parte 3”, o último filme da trilogia com a qual “Os Bons Companheiros” passou a ser para sempre comparado –e ele é, diga-se, digno dessa comparação.
Vale lembrar que no Oscar daquele ano, tanto “Os Bons Companheiros”, como “O Poderoso Chefão-Parte 3” perderam para o faroeste “Dança Com Lobos”, de Kevin Costner, um filme que os críticos são unânimes em afirmar que é inferior a este grande trabalho de Scorsese.
É uma história calcada na violência crua que ele já havia retratado magnificamente em "Taxi Driver" com atuações esplêndidas de todo o seu elenco, sobretudo o baixinho e ameaçador Joe Pesci (ganhador do Oscar de Ator Coadjuvante).

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