sábado, 10 de junho de 2017

Étoile

Dentre os filmes estrelados pela belíssima Jennifer Connelly, certamente, um dos mais difíceis de se achar é o drama de balé com conotações sobrenaturais “Étoile”.
Lançado com timidez no circuito comercial já em sua época (meados de 1988), quando Jennifer tinha filmado “Labirinto-A Magia do Tempo” em 1986 e então ficado um ano sem filmar, esta produção desapareceu quase que por completo, restando poucos que ainda se recordam dela –um destino injusto que se abateu, inclusive, sobre outra obra do mesmo diretor Peter Del Monte, o interessante “Pequenas Chamas”.
As similaridades de “Étoile” com a premissa e a proposta de “Cisne Negro”, de Daren Aronofski, de 2011, são inúmeras e beiram o constrangedor, não só pela semelhança entre a condução narrativa, as manobras da história (na qual também são trabalhadas as dicotomias artísticas e psicológicas entre o cisne branco e o cisne negro) e sua predisposição visual para alguma transgressão (um dos pôsteres de “Étoile”, para se ter idéia, mostra Jennifer como a jovem bailarina, deitada debaixo de um... cisne negro!), mas também pelo fato da obra de Aronofski ganhar larga consagração e este trabalho dos anos 1980 passar praticamente despercebido por aqueles que deveriam ter algum conhecimento.
Na trama, Jennifer Connelly é Claire Hamilton uma jovem americana cujo talento como bailarina a leva a se tornar aluna de um renomado instrutor italiano numa academia européia. Na escola onde passa a estudar e a conviver com outras alunas, ela toma conhecimento de uma lenda centenária sobre uma talentosa bailarina morta no auge da sua carreira. Dizem que o seu fantasma ainda perambula pelos corredores à procura do corpo ideal para que sua alma transtornada possa experimentar a sensação plena de bailar graciosamente outra vez.
Tudo indica que Claire é a vítima perfeita para tal maldição, devido ao seu talento, e também a sua grande beleza.
Por meio da narrativa de “Étoile” se percebe uma sutil influência do romantismo gótico no trabalho do diretor, aparentemente muito interessado em materializações fantásticas de diferenciada natureza emocional; isso permite também entender melhor as próprias influências de Aronofski em seu “Cisne Negro”, e a opção de sua curiosa roupagem de drama europeu. A atuação de Jennifer Connelly embora seja facilmente relacionada às orientações que ela demonstra no anterior “Phenomena”, de Dario Argento (também ele uma produção européia), contém muitas das potencialidades dramáticas que Natalie Portman soube administrar com eficiência e ímpeto no filme de Aronofski –o quê lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz.

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