Dentre os filmes estrelados pela belíssima
Jennifer Connelly, certamente, um dos mais difíceis de se achar é o drama de
balé com conotações sobrenaturais “Étoile”.
Lançado com timidez no circuito comercial já em
sua época (meados de 1988), quando Jennifer tinha filmado “Labirinto-A Magia do
Tempo” em 1986 e então ficado um ano sem filmar, esta produção desapareceu
quase que por completo, restando poucos que ainda se recordam dela –um destino
injusto que se abateu, inclusive, sobre outra obra do mesmo diretor Peter Del
Monte, o interessante “Pequenas Chamas”.
As similaridades de “Étoile” com a premissa e a
proposta de “Cisne Negro”, de Daren Aronofski, de 2011, são inúmeras e beiram o
constrangedor, não só pela semelhança entre a condução narrativa, as manobras
da história (na qual também são trabalhadas as dicotomias artísticas e
psicológicas entre o cisne branco e o cisne negro) e sua predisposição visual
para alguma transgressão (um dos pôsteres de “Étoile”, para se ter idéia,
mostra Jennifer como a jovem bailarina, deitada debaixo de um... cisne negro!),
mas também pelo fato da obra de Aronofski ganhar larga consagração e este
trabalho dos anos 1980 passar praticamente despercebido por aqueles que
deveriam ter algum conhecimento.
Na trama, Jennifer Connelly é Claire Hamilton
uma jovem americana cujo talento como bailarina a leva a se tornar aluna de um
renomado instrutor italiano numa academia européia. Na escola onde passa a
estudar e a conviver com outras alunas, ela toma conhecimento de uma lenda
centenária sobre uma talentosa bailarina morta no auge da sua carreira. Dizem
que o seu fantasma ainda perambula pelos corredores à procura do corpo ideal
para que sua alma transtornada possa experimentar a sensação plena de bailar
graciosamente outra vez.
Tudo indica que Claire é a vítima perfeita para
tal maldição, devido ao seu talento, e também a sua grande beleza.
Por meio da narrativa de
“Étoile” se percebe uma sutil influência do romantismo gótico no trabalho do
diretor, aparentemente muito interessado em materializações fantásticas de
diferenciada natureza emocional; isso permite também entender melhor as
próprias influências de Aronofski em seu “Cisne Negro”, e a opção de sua curiosa
roupagem de drama europeu. A atuação de Jennifer Connelly embora seja
facilmente relacionada às orientações que ela demonstra no anterior
“Phenomena”, de Dario Argento (também ele uma produção européia), contém muitas
das potencialidades dramáticas que Natalie Portman soube administrar com
eficiência e ímpeto no filme de Aronofski –o quê lhe rendeu o Oscar de Melhor
Atriz.
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