terça-feira, 6 de junho de 2017

Se Beber, Não Case

Às vezes, as obras mais influentes vêem dos lugares mais inesperados.
Antes de seu lançamento, em meados de 2009, era improvável que alguém afirmasse isso a respeito desta comédia assumidamente vulgar –e, afinal de contas, construída por um realizador de comédias assumidamente vulgares, Todd Philips, de “Caindo Na Estrada” e “Starsky & Hutch” –cujo argumento, ainda por cima, tinha por base a junção de premissa básica de dois filmes medianos e obscuros de humor chulo da década anterior, “Despedida de Solteiro em Las Vegas” (no qual um grupo de amigos, em Las Vegas, arruma confusões a partir de uma farra inocente) e “Cara, Cadê Meu Carro?”, com Ashton Kutcher (que girava em torno de uma dupla de idiotas, dispostos a decifrar todos os mistérios ocorridos com eles mesmos na noite anterior, que eles acabaram esquecendo).
Pois ao ser lançado, o sucesso abrangente e influente de público, o reconhecimento de suas qualidades pela crítica, e o trabalho de fato admirável constatado no produto final –o diretor Todd Philips, tarimbado em comédias, já vinha, afinal, de uma nítida evolução em seu trabalho –o levaram a conquista surpreendente do Globo de Ouro de Melhor Filme de Comédia ou Musical daquele ano, a gerar um sem fim de tentativas de imitações (o quê originou besteiras como “A Ressaca”), e à realização das inevitáveis continuações –no caso, uma trilogia, da qual este primeiro filme é, sem a menor dúvida, o melhor exemplar.
Além das revelações dos talentos de Bradley Cooper e Zach Galifianakis.
Eles, ao lado de Ed Helms, são amigos que se juntam para a despedida de solteiro do noivo (Justin Bartha), a ser realizada em Las Vegas.
Após o quê aparenta ter sido uma festa de arromba, os três acordam, na manhã seguinte, com apartamento todo esculhambado, e um pileque que os impede de lembrar o que houve na noite anterior.
Há indícios nebulosos e intrigantes por toda parte (um tigre foi deixado no banheiro, uma pulseira de pronto-socorro na mão de um deles, um dente misteriosamente arrancado da boca de outro, uma viatura da polícia aparentemente roubada!), mas o dado alarmante é que seu outro amigo, o noivo desapareceu sem deixar vestígios (!). Agora eles terão de achar um jeito de reconstituir sua farra para por as coisas em ordem e tentar encontrar o amigo desaparecido.
Valendo-se de considerável habilidade (e sem manifestar quaisquer pretensões em revolucionar o gênero), Todd Philips e sua equipe criam um produto melhor e original, narrativamente mais eficaz que a grande totalidade das produções com as quais se presta a uma comparação: E, por isso mesmo, brilhante na capacidade de fazer rir a que se pretende.

Nenhum comentário:

Postar um comentário