Um casal (de irmãos, no caso). Um carro. Uma
estrada deserta. Reunindo uma série de elementos que compõem alguns dos
paradigmas do gênero terror, o diretor Victor Salva construiu um dos mais
interessantes cult movies da década de 2000.
Seu grande trunfo é a ausência de pretensão que
tomou grande parte dos títulos oriundos desse gênero, lançados no cinema
comercial a partir desse período: Muitos deles vinham prejudicados pela
necessidade de replicar a fórmula de M. Night Shyamalan em “O Sexto Sentido”
(ou seja, um final obrigatoriamente inesperado e surpreendente), ou assolados
por efeitos especiais que ao invés de agregar qualidade enfraqueciam a
produção.
“Olhos Famintos”, até pela limitação de
orçamento, não tinha nada disso. Seu diretor vislumbrava recuperar uma
narrativa à moda antiga, feita de sussurros, de impressões e dicas ocasionais
que tivesse o mérito de enredar pouco a pouco o expectador.
Os irmãos Trish (a belíssima Gina Philips) e
Darry (o ótimo Justin Long, que valeu-se bem da repercussão deste filme para
ascender em Hollywood) dirigem por uma desolado estrada norte-americana.
Ao longo de quilômetros sem encontrar nada nem
ninguém, algo lhes chama a atenção: Aquele que parece ser o motorista de um
caminhão barulhento e ameaçador que passa por eles, é visto depositando algo em
um buraco. Algo envolto num lençol branco. Com manchas de sangue.
Incapazes de conter as suspeitas e a
curiosidade, eles voltam ao local, e lá, Darry descobre uma pilha de cadáveres.
A partir daí, também, eles terão de se preocupar com a perseguição do
responsável por aquela chacina, que eles descobrirão tratar-se de um monstro
denominado, quando muito, de ‘Creeper’ –uma espécie de gárgula humanóide que se
alimenta de tudo aquilo que ele precisa: Se tem de enxergar, ele devora os
olhos da vítima, por exemplo.
Esperto, o diretor Victor Salva saboreia cada
uma das referências de sua narrativa (“A Morte Pede Carona” e “Encurralado” são
algumas), dando à elas um complemento inventivo no capricho que dedica às
facetas técnicas, simples porém esmeradas, da produção, no tom absurdamente
envolvente, e no ritmo preciso que impõe à jornada de seus protagonistas.
Essa percepção
inesperadamente qualitativa gerou um sucesso surpreendente.
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