terça-feira, 28 de novembro de 2017

Tucker & Dale Contra o Mal

Os caipiras norte-americanos nunca foram vistos com bons olhos pelo cinema. Do clássico "Amargo Pesadelo" à produções como "O Massacre da Serra Elétrica", eles são retratados quase sempre como esquisitões psicóticos prontos para trucidar incautas vítimas urbanas perante os jovens que consomem esses filmes. É um grupo desse mesmo tipo de jovens (em geral, alienados) que cruza o caminho dos pacatos amigos Tucker (Tyler Labine) e Dale (o comediante Alan Tudyk, que anos depois viveu o dróide K-2SO por captura de performance em “Rogue One”), e uma série de mal-entendidos leva os rapazes descerebrados e suas companheiras loiras burras a achar que estão numa situação de perigo como naqueles filmes, quando na verdade é a dupla do interior, tranqüilos e cordiais, que de fato se vê ameaçada por eles.
A desconstrução dos valores que cercam Tucker vai ainda mais longe: Além de também incorporar, em suas incontornáveis características, o gordinho que sempre é azucrinado e ao qual é reservado sempre a mediocridade do coadjuvante, ele aqui se mostra o protagonista –mais até que seu amigo Dale –e tem assim oportunidade de mostrar a dignidade que ele tem, sim, e até mesmo ousar ficar, ao final, com a mocinha –nas formas da bela Katrina Bowden.
O cinema de terror tem uma tendência a gerir sub-gêneros, e este exemplar faz parte de uma distinta safra de terrir (terror com comédia) auto-consciente que proliferou em meados da década de 2000 até o início da de 2010 –este filme em questão é de 2011 –como, por exemplo “Matadoresde Vampiras Lésbicas” ou “As Strippers Zumbi”: Eram obras que, na saturação de comédias assumidas (e péssimas) como “Todo Mundo Em Pânico”, se aproximavam ainda mais do gênero que as inspirou (sem evitar a sanguinolência, por exemplo) abordando, contudo, os aspectos mais banais e deliberadamente implausíveis com bom humor e, no fundo, certa auto-crítica.

Ao assumir-se como um caricatura e ao mesmo tempo uma homenagem aos filmes citados no início deste texto, este trabalho algo empolgado, mas ainda genérico de Eli Graig se revela uma sátira divertida, e no final das contas afiada, desse sub-gênero de terror.

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