Se a magistral “Trilogia do Apartamento”, de
Roman Polanski –a qual é constituída deste filme, “Repulsa Ao Sexo”, de 1965, e
“O Inquilino”, de 1976 –fala sobre protagonistas acuados e divididos entre a
insanidade de seus temores e a intensidade irreprimível de suas suspeitas, este
exemplar do meio, na comparação com os outros, é aquele onde mais se percebe,
de forma palpável, a ameaça à qual se expõe sua indefesa personagem principal.
Primeira obra de Polanski realizada nos EUA,
este foi um marco moderno no cinema de horror ao mesclar o suspense carregado
de méritos técnicos tão bem difundido nas obras de Alfred Hitchcock, com uma
premissa apavorante que colidia o sobrenatural e a normalidade urbana,
resultando numa obra-prima que influenciou todos os filmes de terror que vieram
a seguir.
Os jovens recém-casados Rosemary (Mia Farrow,
absolutamente perfeita no papel) e Guy (o também diretor John Cassavetes)
mudam-se para um apartamento no edifício Dakota em Nova York.
Enquanto Guy luta por um lugar ao sol como
ator, Rosemary decora o apartamento, assediada pelos solícitos e estranhos
vizinhos, um casal idoso formado pela histriônica e perdulária Minnie (Ruth
Gordon, de “Ensina-Me A Viver”, que ganhou aqui o Oscar de Melhor Atriz
Coadjuvante) e pelo simpático, porém soturno Roman Castevet (Sidney Blackmer).
No mesmo dia em que Guy consegue um papel na Broadway, Rosemary sonha que é
violentada pelo diabo.
Ela engravida de fato e, ao longo da apavorante
gestação, passa a suspeitar de uma conspiração dos vizinhos e de Guy –que teria
vendido a própria alma em troca do tão almejado sucesso profissional –contra
seu filho.
Foi aqui, nesta seminal obra de terror, onde o
diretor polonês atingiu um domínio técnico e cinematográfico pleno –e com o
qual moldou um filme primorosamente arrepiante, a pedra fundamental de todo o
sub-gênero envolvendo satanistas que proliferou-se a partir dos anos 1970, com
“O Exorcista”, “A Profecia”, “Adoradores do Diabo” e muitos outros –então um diretor
jovem cultuado somente em certos circuitos europeus, Polanski conquistou aqui
um espetacular sucesso de público e crítica que o tornou famoso no mundo todo.
Não à toa: O susto final é
um choque do qual os expectadores de ontem, de hoje e de sempre dificilmente
haverão de se recuperar.
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