Os filmes ambientados no mesmo universo
aterrorizante de “Invocação do Mal” ao invés de meramente continuar a expandir
as narrativas assombrosas, pelo menos até agora, empenharam-se no caminho
inverso: Preencher as lacunas anteriores.
Assim, o primeiro “Annabelle” tratava de contar
uma trama que se passava antes dos rápidos eventos que envolviam a boneca
Annabelle no início de “Invocação do Mal”, e este “Annabelle 2”, por sua vez,
antecede os acontecimentos do filme anterior de tal maneira que sua última cena
corresponde exatamente ao começo daquele filme. Prova da eficácia e competência
do diretor David F. Sandberg que soube amarrar com precisão as pontas soltas,
criou um eficiente e genuinamente amedrontador filme de terror e ainda superou
o “Annabelle” original.
Voltando as origens e relatando o quê
esperávamos que o filme anterior tivesse relatado, “Annabelle 2” ocupa-se de
contar a trágica história da Família Mullins, composta por Samuel (Anthony
LaPaglia), o pai e um hábil fabricante de bonecas artesanais, a mãe (Miranda
Otto, de “O Senhor dos Anéis-As Duas Torres” e “O Retorno do Rei”) e a pequena
filha dos dois, a menina Annabelle (Samara Lee).
O filme toma um tempo considerável e até
admirável para mostrar o desfecho fatalista dessa família. Então, a narrativa
salta doze anos no tempo, quando o filme começa de fato.
A casa onde moram os Mullins agora receberá
seis meninas e uma freira vindas de um orfanato. Há regras, contudo, a serem
seguidas: O quarto que outrora foi de Annabelle deve permanecer sempre
trancado. A Sra. Mullins –desde então, acometida por uma ainda misteriosa
enfermidade –não deve ser importunada em seu leito, e sempre que precisa de
algo toca um sino chamando pelo Sr. Mullins.
Uma das meninas, Janice (Talitha Bateman),
padece de seqüelas da poliomielite –o que a obriga a usar muletas e a subir ao
andar superior da casa através de uma cadeira eletrônica –e virá a ser
justamente ela quem será a primeira a se deparar com o mal singular que ronda a
última boneca da coleção do fabricante; não apenas pela natural vulnerabilidade
da personagem, mas também porque os detalhes restritivos que a cercam (não
consegue correr, depende de outros utensílios para se locomover) são um prato
cheio para que os realizadores criem sucessivas cenas onde a aflição adquire
níveis alarmantes.
Aliás, a mesma gárgula que aparece no primeiro
“Annabelle” –e que representa um artifício dos realizadores para se aproximar
de um terror mais realista e adulto e para afastar-se das comparações com o
mirabolante e auto-irônico “Brinquedo Assassino” –ressurge aqui em cenas
construídas com mais propriedade.
Ainda assim o filme, e os
exemplares oriundos de “Invocação do Mal” como um todo, não escapam do
principal problema da série: O de que o gênero de terror, como ele é, já foi
explorado e banalizado por tantas outras produções, que não resta a esta
correta e bem-intencionada realização algo de muito original ou inovador a
oferecer.
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