Passa longe de ser um faroeste nos moldes
convencionais este trabalho do diretor Andrew Dominik, passa longe, até mesmo
de ser um exemplar do faroeste revisionista surgido entre as décadas de 1960 e
70: O quê Dominik propõe aqui é uma observação distanciada de personagem por
meio de uma encenação potencializada em suas propriedades cênicas –um elenco
fantástico, uma fotografia sedutora –através da qual a índole de um personagem
que nunca se deixa capturar revela-se o mistério insolúvel que, em seu drama,
ele contempla.
Nesse sentido, há uma proximidade –não, porém,
muito declarada –com a narrativa tortuosamente dúbia cheia de desvios
labirínticos de “Cidadão Kane”.
Conhecido fora-da-lei e renegado ex-soldado
durante a guerra de secessão, Jesse James era um bandido lendário nos EUA, nos
meados de 1890. Fascinado por esse mito, o jovem e titubeante Robert Ford se
junta ao seu bando seguindo os passos de seu irmão, Charlie. Mas o cerco cada
vez mais apertado das autoridades no encalço de James, e o valor elevado da
recompensa por sua captura acirram seu ânimo e o temor de ser traído,
conduzindo ele e os homens de seu bando à um jogo de tensão, suspeitas e
traições que tenta, por meio deste filme esclarecer as razões de sua morte.
Brad Pitt compõe com
empenho sua interpretação de um Jesse James vulnerável em sua paranóia, embora
a grande presença seja mesmo a do ótimo Casey Affleck, neste trabalho hermético
e contemplativo.
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