Uma mistura do conceito do sub-gênero ‘slasher’
(embora a única a morrer seja quase sempre a heroína!) com o cultuado “Feitiçodo Tempo” (que é honestamente citado no final), este filme adolescente tem uma
premissa inventiva, porém padece do fato de jamais conseguir ir além das
predileções de seu público-alvo: Suas piadas rondam a redundância do besteirol
e seus sustos e sua tensão remetem a tudo que foi feito no cinema americano
depois de “Halloween”.
No papel da protagonista Tree, a bela Jessica
Rothe (uma das coadjuvantes de “La La Land-Cantando Estações”) demonstra algum
carisma embora sua interpretação caia nas armadilhas inevitáveis que um roteiro
como esse oferece a alguém inexperiente –e percebe-se por meio dela, portanto,
o quanto são incrivelmente talentosas as jovens estrelas de sua idade, como
Emma Stone, Jennifer Lawrence e Margot Robbie.
Tree é uma daquelas universitárias arrogantes e
fúteis. A vítima perfeita para um psicopata ao estilo “Sexta-Feira 13” ou
“Pânico”, daqueles que infestam as produções de terror. Ela acorda no
dormitório de Carter (Israel Broussard) após uma bebedeira. É seu aniversário
embora ela não tenha intenção de contar para ninguém. À noite, a caminho de
outra festa –desta vez, a sua festa surpresa –Tree é assassinada por um
psicopata com máscara de coelhinho (?!).
Sem qualquer explicação –que realmente o filme
jamais irá fornecer –Tree acorda no mesmo dia toda vez que morre, repetindo-o
sistematicamente. Perplexa devido ao fato de ser esse o dia inescapável de sua
morte, ela aos poucos se dá conta de que pode usar esse fenômeno em seu favor,
refazendo o mesmo dia até descobrir quem é o assassino que trama sua morte,
além de utilizar-se desse detalhe para tentar ser uma pessoa melhor.
O filme está longe de ser perfeito como
“Feitiço do Tempo”, ou mesmo astucioso e pontual como “No Limite do Amanhã”,
com Tom Cruise, que se vale da mesma premissa: Uma trama na qual o mesmo dia se
repete indefinidamente exige três coisas, um intérprete central pleno de auto-controle
(e nesse sentido, Tom Cruise e, sobretudo, Bill Murray eram exemplares), uma
equipe técnica inteligente e primorosa (que compreendesse a fundo e se
desvencilhasse das complicações logísticas de repetir as mesmas cenas à
perfeição) e um roteiro afiado que não só se mantivesse coerente com a
repetição das situações, mas soubesse extrair desse fato a dinâmica para fazer
a narrativa avançar e, o mais importante, para evoluir os personagens.
“A Morte Te Dá Parabéns” até tenta fazer isso
tudo, mas falha em um bom tanto: Apesar do esforço encantador de Jessica, ela
demora a soar como uma protagonista de fato –a primeira meia hora de filme, com
sua personagem ostentando cara de insatisfação e desdém para com tudo é
bastante desinteressante –tecnicamente, existem algumas escorregadelas cênicas
que tiram credibilidade do filme e sua condução nunca faz mais do que o feijão
com arroz do gênero, mesmo diante da surpresa da revelação do assassino se dar
através de arquétipos até eficientes do gênero de suspense.
Apesar de seus poréns, um
filme perfeitamente possível se divertir.
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