quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

A Morte Te Dá Parabéns

Uma mistura do conceito do sub-gênero ‘slasher’ (embora a única a morrer seja quase sempre a heroína!) com o cultuado “Feitiçodo Tempo” (que é honestamente citado no final), este filme adolescente tem uma premissa inventiva, porém padece do fato de jamais conseguir ir além das predileções de seu público-alvo: Suas piadas rondam a redundância do besteirol e seus sustos e sua tensão remetem a tudo que foi feito no cinema americano depois de “Halloween”.
No papel da protagonista Tree, a bela Jessica Rothe (uma das coadjuvantes de “La La Land-Cantando Estações”) demonstra algum carisma embora sua interpretação caia nas armadilhas inevitáveis que um roteiro como esse oferece a alguém inexperiente –e percebe-se por meio dela, portanto, o quanto são incrivelmente talentosas as jovens estrelas de sua idade, como Emma Stone, Jennifer Lawrence e Margot Robbie.
Tree é uma daquelas universitárias arrogantes e fúteis. A vítima perfeita para um psicopata ao estilo “Sexta-Feira 13” ou “Pânico”, daqueles que infestam as produções de terror. Ela acorda no dormitório de Carter (Israel Broussard) após uma bebedeira. É seu aniversário embora ela não tenha intenção de contar para ninguém. À noite, a caminho de outra festa –desta vez, a sua festa surpresa –Tree é assassinada por um psicopata com máscara de coelhinho (?!).
Sem qualquer explicação –que realmente o filme jamais irá fornecer –Tree acorda no mesmo dia toda vez que morre, repetindo-o sistematicamente. Perplexa devido ao fato de ser esse o dia inescapável de sua morte, ela aos poucos se dá conta de que pode usar esse fenômeno em seu favor, refazendo o mesmo dia até descobrir quem é o assassino que trama sua morte, além de utilizar-se desse detalhe para tentar ser uma pessoa melhor.
O filme está longe de ser perfeito como “Feitiço do Tempo”, ou mesmo astucioso e pontual como “No Limite do Amanhã”, com Tom Cruise, que se vale da mesma premissa: Uma trama na qual o mesmo dia se repete indefinidamente exige três coisas, um intérprete central pleno de auto-controle (e nesse sentido, Tom Cruise e, sobretudo, Bill Murray eram exemplares), uma equipe técnica inteligente e primorosa (que compreendesse a fundo e se desvencilhasse das complicações logísticas de repetir as mesmas cenas à perfeição) e um roteiro afiado que não só se mantivesse coerente com a repetição das situações, mas soubesse extrair desse fato a dinâmica para fazer a narrativa avançar e, o mais importante, para evoluir os personagens.
“A Morte Te Dá Parabéns” até tenta fazer isso tudo, mas falha em um bom tanto: Apesar do esforço encantador de Jessica, ela demora a soar como uma protagonista de fato –a primeira meia hora de filme, com sua personagem ostentando cara de insatisfação e desdém para com tudo é bastante desinteressante –tecnicamente, existem algumas escorregadelas cênicas que tiram credibilidade do filme e sua condução nunca faz mais do que o feijão com arroz do gênero, mesmo diante da surpresa da revelação do assassino se dar através de arquétipos até eficientes do gênero de suspense.
Apesar de seus poréns, um filme perfeitamente possível se divertir.

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