quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Ghost - Do Outro Lado da Vida

Ao enveredar por um projeto solo, o diretor Jerry Zucker (outrora famoso por sua colaboração com o irmão David Zucker e com Jim Abrahams nas comédias rasgadas “Apertem Os Cintos, O Piloto Sumiu 1” e “2”) saiu-se com uma obra das mais inesperadas: Um romance mediúnico, por assim dizer, mais terno e gracioso do que engraçado, pleno em seu romantismo (potencializado pela canção “Unchained Melody”) ao mesmo tempo que econômico em sua comédia (ainda que o humor esteja lá, em momentos que encontram sua intensidade, graças, sobretudo à Whoopy Goldberg, vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante).
Sinônimo de bilheteria na época, o hábil galã Patrick Swayze vive Sam, um rapaz morto em um assalto onde é baleado acidentalmente. Entretanto, seu espírito permanece junto da garota amada, Molly (Demi Moore, curiosamente, antes de virar um furacão sexual nos anos 1990, após “Proposta Indecente”).
Com essa manobra, o afiado, direto e (para a época) originalíssimo roteiro de Bruce Joel Rubin (vencedor do Oscar) dá a guinada que o torna pertinente: A duras penas, Sam acaba aprendendo as idiossincrasias de ser um fantasma (como atravessar paredes, por exemplo) e descobre, imperceptível aos vivos, que seu assassinato foi planejado por seu suposto amigo Carl (Tony Goldwyn, cujo crédito mais expressivo é a dublagem do protagonista de “Tarzan”, da Disney), e que Molly pode ser a próxima vítima dos criminosos.
Para impedi-los ele precisa aprender com um fantasma experiente que assombra as instalações do metrô (vivido por Vincent Schiavelli) como tocar e mover as coisas, já que sua forma é intangível –e nessa oportunidade, a direção de Zucker encontra uma chance para moldar uma série de cenas intrépidas, galantes e líricas que registram o personagem em sua aventura. A única aliada de Sam (e a única que pode se comunicar com ele) é Oda Mae (Whoopi, realmente divertidíssima) uma golpista até então ignorante de sua capacidade mediúnica.
Grande sensação do início dos anos 1990, “Ghost”, com sua receita certeira e bem administrada de uma enxuta e objetiva trama paranormal aliada à avidez do público por um romance funcional (e, de fato, a química entre Swayze e Demi é um dos grandes achados do filme), foi um estrondoso sucesso de bilheteria, e foi também durante algum tempo, poderosamente influente: Não foram poucos os filmes e séries que, naqueles anos, fizeram referência ao seu bem sacado enredo básico.

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