segunda-feira, 12 de março de 2018

Evil Dead - A Morte do Demônio

Uma cabana no meio do mato. Um grupo de jovens. Um diretor iniciante fascinado pelos arroubos do gênero de terror.
Dessa combinação nasceu uma das mais desiguais –e, no fim das contas, influentes –produções do gênero a aparecer nos anos 1980.
Ao realizar “Evil Dead”, Sam Raimi não era mais que um jovem estudante de cinema. Tinha a seu favor aquele ímpeto criativo que caracteriza os autores mais jovens cuja pouca idade conserva uma vontade de abraçar o mundo. Contra ele, a precariedade de um orçamento pífio e uma falta absoluta de recursos.
Todos esses revezes foram contornados com a criação de uma premissa tão inventiva quanto simples: Liderados por Ash (Bruce Campbell, grande amigo do diretor e, desde então, o seu ator-assinatura), vários amigos seguem até uma cabana depauperada no meio de uma floresta.
Longe de tudo –circunstância que dava à produção um controle sobre todos os aspectos do filme sem agregar qualquer despesa –os jovens descobrem escondida no porão uma gravação contendo trechos do “Livro dos Mortos” (elemento relacionado à mitologia dessa série que estranhamente nunca foi muito explorado) e, ao ouvi-la, libertam forças demoníacas que passam a possuí-los; a representação dessa personificação maligna, por sinal, responde por um dos muitos lampejos de criatividade com a qual Raimi contornou as restrições de seu filme: O demônio –ou o que quer que aquilo seja –não é visto, mas em seu lugar, Raimi mostra o ponto de visto de algum ser espectral usando os movimentos fluidos de câmera que rondam ameaçadoramente a floresta até chegar à cabana –Raimi patenteou muitas das câmeras inovadoras utilizadas em “Evil Dead”.
Cenas memoráveis se seguem, sendo talvez a mais comentada pelos expectadores, o estranho, brusco e inacreditável ‘estupro’ de uma jovem na floresta por um cipó (!).
Logo, “Evil Dead” escancarou uma nova forma de se fazer cinema (inclusive influenciando produções de renome que se seguiram como o artístico “A Companhia dos Lobos”) que, com o tempo acabou sendo agregada até mesmo ao cinema comercial; e não é, portanto, qualquer coincidência o fato do próprio Sam Raimi, aqui um realizador tão ousado e transgressivo, ter sido o escolhido para moldar uma das mais emblemáticas adaptações de histórias em quadrinhos (hoje, o supra-sumo do cinema comercial) no início do século XXI: “Homem-Aranha”.

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