O celebrado, ainda que subversivo, personagem
das HQs inglesas criado por John Wagner, ganhou esta segunda adaptação para
cinema após uma primeira experiência perpetrada nos anos 1990 (e que resultou
num fiasco protagonizado por Sylvester Stallone e Diane Lane).
A nova versão consideravelmente mais fiel traz
o competente e adequado Karl Urban no papel título –um agente policial num
futuro distópico e tecnológico onde a urgência das ações de combate ao crime o
permite ser juiz, júri e carrasco numa mesma e instantânea ocasião; um
personagem, portanto, que reflete a mão-de-ferro do governo Tatcher na
Inglaterra de então e ilustra a profunda (ainda que sarcástica) inclinação de
direita do escritor.
Longe de ser feito ou pensado para o público
infanto-juvenil, o filme traz uma trama agressiva, sanguinolenta e sombria,
adequada ao tom ácido e adulto dos quadrinhos. A premissa se releva claramente
inspirada no cultuado filme de ação tailandês “The Raid” –ou “Operação Invasão”
–as semelhanças são inquestionáveis.
No futuro, aglomerados em gigantescas
metrópoles erguidas em meio ao desolador deserto radiativo, os habitantes de
Mega City 1 são protegidos por uma forma evoluída de polícia: Os juízes.
Um dos mais notórios, o Juiz Dredd (Urban) tem
sua fama de invencível e implacável posta a prova quando encontra-se sitiado ao
lado de uma cadete em treinamento (Olívia Thirlby, maravilhosa) dotada de
poderes telepáticos, dentro de um conglomerado de favelas high-tech controlado
por uma espécie de rainha do crime (Lena Headey, de “300”) que os quer mortos.
É a partir daí que “Dredd ganha similaridades
incontestes com “Operação Invasão”, o que não significa demérito, uma vez que
ambos são trabalhos sensacionais em suas propostas e na forma com que
administram uma eletrizante claustrofobia provocada pela situação dos
protagonistas e moldam, com ela, uma sucessão de cenas espetaculares de ação.
Embora a direção creditada seja de Pete Travis,
sabe-se que ele já não estava envolvido com o filme já na metade de seu
processo, ausentando-se no meio das filmagens e na pós-produção.
Numa situação mais ou menos
parecida com o que aconteceu com Steven Spielberg e Tobe Hooper no clássico de
terror “Poltergeist-O Fenômeno”, aqui a verdadeira autoria do filme –e, por
conseqüência, a responsabilidade por seu resultado primoroso –é creditada ao
roteirista Alex Garland, que escreveu o roteiro do ótimo “Extermínio” e, de
fato, demonstrou imensa habilidade na direção quando realizou o cultuado e
magistral “Ex-Machina Instinto Artificial”.
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