segunda-feira, 12 de março de 2018

Dredd - O Juíz do Apocalypse

O celebrado, ainda que subversivo, personagem das HQs inglesas criado por John Wagner, ganhou esta segunda adaptação para cinema após uma primeira experiência perpetrada nos anos 1990 (e que resultou num fiasco protagonizado por Sylvester Stallone e Diane Lane).
A nova versão consideravelmente mais fiel traz o competente e adequado Karl Urban no papel título –um agente policial num futuro distópico e tecnológico onde a urgência das ações de combate ao crime o permite ser juiz, júri e carrasco numa mesma e instantânea ocasião; um personagem, portanto, que reflete a mão-de-ferro do governo Tatcher na Inglaterra de então e ilustra a profunda (ainda que sarcástica) inclinação de direita do escritor.
Longe de ser feito ou pensado para o público infanto-juvenil, o filme traz uma trama agressiva, sanguinolenta e sombria, adequada ao tom ácido e adulto dos quadrinhos. A premissa se releva claramente inspirada no cultuado filme de ação tailandês “The Raid” –ou “Operação Invasão” –as semelhanças são inquestionáveis.
No futuro, aglomerados em gigantescas metrópoles erguidas em meio ao desolador deserto radiativo, os habitantes de Mega City 1 são protegidos por uma forma evoluída de polícia: Os juízes.
Um dos mais notórios, o Juiz Dredd (Urban) tem sua fama de invencível e implacável posta a prova quando encontra-se sitiado ao lado de uma cadete em treinamento (Olívia Thirlby, maravilhosa) dotada de poderes telepáticos, dentro de um conglomerado de favelas high-tech controlado por uma espécie de rainha do crime (Lena Headey, de “300”) que os quer mortos.
É a partir daí que “Dredd ganha similaridades incontestes com “Operação Invasão”, o que não significa demérito, uma vez que ambos são trabalhos sensacionais em suas propostas e na forma com que administram uma eletrizante claustrofobia provocada pela situação dos protagonistas e moldam, com ela, uma sucessão de cenas espetaculares de ação.
Embora a direção creditada seja de Pete Travis, sabe-se que ele já não estava envolvido com o filme já na metade de seu processo, ausentando-se no meio das filmagens e na pós-produção.
Numa situação mais ou menos parecida com o que aconteceu com Steven Spielberg e Tobe Hooper no clássico de terror “Poltergeist-O Fenômeno”, aqui a verdadeira autoria do filme –e, por conseqüência, a responsabilidade por seu resultado primoroso –é creditada ao roteirista Alex Garland, que escreveu o roteiro do ótimo “Extermínio” e, de fato, demonstrou imensa habilidade na direção quando realizou o cultuado e magistral “Ex-Machina Instinto Artificial”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário