terça-feira, 24 de abril de 2018

A Rainha Vermelha Mata 7 Vezes

O diretor Emilio Miraglia (de quem se conhece pouco mais que três títulos realizados) promove aqui uma colisão de diferentes elementos.
“A Rainha Vermelha Mata 7 Vezes” deixa notar, no estilo adotado, que o gótico se acha o tempo todo em choque com o modernismo, mas não é só: Está também em choque a névoa folclórica que envolve uma lenda centenária –da qual vários assassinatos são oriundos –e as técnicas de investigação moderna da polícia de então; e, acima de tudo, está em choque o próprio gênero do ‘giallo’ com outro elemento de gênero,, o terror, no flerte constante que a trama realiza à arquétipos de outras referências.
A Família dos Windebrucks ocupa um casarão onde um quadro ilustra perfeitamente uma tragédia anunciada: Nele uma irmã mata a outra impiedosamente.
O patriarca conta, no prólogo acompanhado de duas pequenas irmãs, Kitty e Eveline, que se desentendem o tempo todo, que a loira Rainha Negra foi assassinada pela morena Rainha Vermelha. Uma maldição que, desde então, repetiu-se de 100 em 100 anos –sempre antecedida por um rastro de seis outras mortes.
O próximo aniversário do centenário de tal maldição coincide com duas coisas: Numa, quando Kitty e Eveline já são adultas; e noutra, quando o patriarca morre, deixando sua gorda herança anotada num testamento que só deve ser lido dentro de alguns meses, no ano seguinte.
Mas, existem algumas complicações cercando a vida dos Windebrucks. Kitty (vivida pela sempre deslumbrante Barbara Bouchet), em algum momento recente evidenciado num flashback, matou acidentalmente Eveline e ao lado da outra irmã Franziska (Marina Malfatti) –que estranhamente sequer é mostrada no prólogo (?!) –ocultou o cadáver.
Contudo, a presença de Eveline é requisitada não só porque a leitura do testamento é iminente, como também porque algumas mortes começam a acontecer, sugerindo que a maldição está em curso.
“A Rainha Vermelha Mata 7 Vezes” se ampara assim em dois motivos distintos para aflição: No mistério, bastante comum ao ‘giallo’ de quem seria o assassino dentre os suspeitos que se apresentam –o conhecido ‘whodonut’ –e a sugestão sobrenatural de que seria Eveline, vingativa, a retornar dos mortos.
Embora tenha vários excessos, escorregadelas e momentos constrangedores onde a lógica costuma se esvair, a direção de Miraglia constrói diversas seqüências interessantes, onde se pode notar um esmero incomum ao ‘giallo’.

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