O diretor Emilio Miraglia (de quem se conhece
pouco mais que três títulos realizados) promove aqui uma colisão de diferentes
elementos.
“A Rainha Vermelha Mata 7 Vezes” deixa notar,
no estilo adotado, que o gótico se acha o tempo todo em choque com o
modernismo, mas não é só: Está também em choque a névoa folclórica que envolve
uma lenda centenária –da qual vários assassinatos são oriundos –e as técnicas
de investigação moderna da polícia de então; e, acima de tudo, está em choque o
próprio gênero do ‘giallo’ com outro elemento de gênero,, o terror, no flerte
constante que a trama realiza à arquétipos de outras referências.
A Família dos Windebrucks ocupa um casarão onde
um quadro ilustra perfeitamente uma tragédia anunciada: Nele uma irmã mata a
outra impiedosamente.
O patriarca conta, no prólogo acompanhado de
duas pequenas irmãs, Kitty e Eveline, que se desentendem o tempo todo, que a
loira Rainha Negra foi assassinada pela morena Rainha Vermelha. Uma maldição
que, desde então, repetiu-se de 100 em 100 anos –sempre antecedida por um
rastro de seis outras mortes.
O próximo aniversário do centenário de tal
maldição coincide com duas coisas: Numa, quando Kitty e Eveline já são adultas;
e noutra, quando o patriarca morre, deixando sua gorda herança anotada num
testamento que só deve ser lido dentro de alguns meses, no ano seguinte.
Mas, existem algumas complicações cercando a
vida dos Windebrucks. Kitty (vivida pela sempre deslumbrante Barbara Bouchet),
em algum momento recente evidenciado num flashback, matou acidentalmente Eveline
e ao lado da outra irmã Franziska (Marina Malfatti) –que estranhamente sequer é
mostrada no prólogo (?!) –ocultou o cadáver.
Contudo, a presença de Eveline é requisitada
não só porque a leitura do testamento é iminente, como também porque algumas
mortes começam a acontecer, sugerindo que a maldição está em curso.
“A Rainha Vermelha Mata 7 Vezes” se ampara
assim em dois motivos distintos para aflição: No mistério, bastante comum ao ‘giallo’
de quem seria o assassino dentre os suspeitos que se apresentam –o conhecido ‘whodonut’
–e a sugestão sobrenatural de que seria Eveline, vingativa, a retornar dos
mortos.
Embora tenha vários
excessos, escorregadelas e momentos constrangedores onde a lógica costuma se
esvair, a direção de Miraglia constrói diversas seqüências interessantes, onde
se pode notar um esmero incomum ao ‘giallo’.
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