O fato de seu argumento partir de uma idéia de
Stuart Gordon e Bryan Yuzna (junto com o próprio roteirista Ed Naha) já indica
que “Querida, Encolhi As Crianças” pertence à uma época diferente quando não
havia um abismo intransponível de orçamentos milionários e realizações maciças
em computação gráfica separando os filmes B das demais produções da indústria.
Pertence também à uma tradição no cinema de
fantasias que versam sobre a miniaturização humana –cujos exemplares mais honoráveis
são “O Incrível Homem Que Encolheu”. “Viagem Fantástica”, “Viagem Insólita”, “A Incrível Mulher Que Encolheu” e o sensacional filme de super-heróis "Homem-formiga".
Com efeito, este sucesso dos Estúdios Disney
traz uma profusão de efeitos práticos que sobrepujam as inserções em CGI –que
aqui, quando surgem, demonstram o quão precária era a tecnologia daquela época;
a batalha entre uma formiga e um escorpião lembra infinitamente mais as cenas em stop motion concebidas por
Ray Harryhaunsen do que as cenas computadorizadas de “Transformers”.
Rick Moranis –um comediante dos anos 1980 que
em muito remetia às características da Disney –é Wayne Szalinski, um cientista
dedicado à uma invenção improvável: Um raio miniaturizador.
Quando seu invento, por fim, funciona, acaba
reduzindo a um tamanho microscópico seu casal de filhos, Amy (Amy O’ Neill) e
Nick (Robert Oliveri), e mais os dois filhos do vizinho, Little Russ (Thomas
Brown) e Ron (Jared Rushton).
Agora, perdidos no jardim, as quatro crianças
têm de enfrentar obstáculos que, em tamanho normal, seriam irrisórios, mas
oferecem perigo real nas dimensões reduzidas em que se encontram (um enxame de
abelhas, as gotas d’água do irrigador, formigas!).
Dirigido por Joe Johnston,
de “Capitão América-O Primeiro Vingador”, que aqui estréia na direção
(substituindo o diretor original Stuart Gordon) após uma aclamada carreira no
departamento de efeitos visuais da Industrial Light & Magic (ele levou o
Oscar por “Os Caçadores da Arca Perdida”), o filme exemplifica magnificamente
bem a aptidão com seu trabalho de esteta –reduzida ao conceito que ela é, a
trama nunca adquire mais importância que os propósitos técnicos do filme;
calcanhar de Aquiles que a produção busca contornar com a propensão constante
para a comédia embutida em seu roteiro.
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