Pena que muito da equipe técnica de “Conan-OBárbaro” não tenha sido mantida nesta continuação, o quê culminou numa queda
natural da qualidade: O próprio produtor, Dino de Laurentis, passou o bastão
para sua filha, Rafaella, que se encarregou da produção –e os próprios cenários
utilizados, sabe-se, foram sobras da produção de “Duna”.
Mesmo a trilha sonora, que permaneceu a cargo
do grande Basil Poledouris, é uma versão ligeiramente banal da icônica
partitura do primeiro filme.
Em substituição a John Milus –que dirigiu o
filme anterior com notável perícia –o quebra-galho Richard Fleischer (diretor
de “Viagem Fantástica” e “No Mundo de 2020”) que reforça a impressão de
‘operário padrão’ removendo qualquer personalidade da narrativa. Quando muito,
o filme se assemelha ao de John Milus em seus melhores momentos.
Por alguma razão que nunca parece clara, Conan
(Arnold Schwarzenegger, aqui menos beligerante e sombrio) não se encontra na
companhia de Subotai (Gerry Lopez), seu grande amigo –e dos poucos
sobreviventes –do filme anterior, ainda que fique completamente sugerido que
este “O Destruidor” se passa imediatamente após os eventos de “O Bárbaro”.
Ao invés de Subotai, temos aqui o descarado
alívio cômico do filme, Malak (Tracey Walter) que faz o avoado feiticeiro
vivido por Mako (e narrador de ambos os filmes) parecer um personagem sério!
É junto dele que Conan se encontra a rezar pela
amada Valéria que morreu no fim do filme original, quando a Rainha Taramis
(Sarah Douglas) o aborda: Ela quer os serviços de Conan para uma missão
arriscada. Se tiver sucesso, ela deixa subentendido que poderá ressuscitar
Valéria.
A missão em questão remete muitos mais aos
quadrinhos de Conan –e suas tramas mirabolantes –que aos escritos originais de
Robert E. Howard, o criador do personagem; não por acaso, o roteiro também não
é mais a cargo de Oliver Stone, e sim do bem menos contundente Stanley Mann.
Conan terá de conduzir uma princesa virgem (a
bonitinha Olívia D’Abo, da série “Anos Incríveis”) até um templo onde somente
ela está predestinada a segurar um chifre sagrado que, levado de volta, seria a
peça restante para montar a estátua do deus Dagoth –o que traria essa divindade
à vida.
Claro que, sendo Taramis a vilã da história, há
muitos detalhes que Conan não sabe: Que Dagoth é, na verdade, uma criatura que
trará sangue e ruína; que Bombata (Wilt Chamberlain), o gigantesco
guarda-costas instruído a acompanhá-los, está incumbido de matar Conan assim
que a missão se concretizar; e que a própria princesa, sem saber, será também
sacrificada em oferenda à Dagoth.
Desprovido da
sanguinolência, da violência, da sensualidade e da nudez ocasional que
conferiam peso dramático ao filme original e moldado em torno de inclinações
muito mais fantasiosas (certamente visando um sucesso entre o público infanto-juvenil)
que o aproximavam de produções genéricas do gênero naquele período como “O
Cristal Encantado”, “A Lenda” e tantas outras obras que imitaram o próprio
“Conan”, este segundo filme perde a oportunidade de ser um trabalho tão notável
e marcante quanto seu antecessor, desperdiçando inclusive a participação de um
dos vilões mais icônicos de Conan, o mago Toth-Amon (Pat Roach), reduzido a um
mero feiticeiro sem-vergonha numa breve passagem.
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