A compreensão da ação do diretor galês Garreth
Evans é o grande trunfo que essa produção, realizada nos moldes dos
vertiginosos e vigorosos filmes comerciais de Hong Kong, tem a ostentar.
Tomando por base obras consagradas junto ao público daquele nicho (como “Police
Story”, com Jackie Chan, ou “Operação Dragão”, com Bruce Lee), Evans concebe um
filme cujo entendimento da ação se resume à sua essência –e com isso faz um dos
melhores trabalhos da década.
A ação já é, de fato, essencial nas primeiras
cenas: Tomadas objetivas que capturam o protagonista em estado alerta de
treinamento. Sem maiores firulas, essa seqüência une tensão, preparação e
concentração –e tudo o mais que precisaremos saber sobre o personagem principal
nos será mostrado ao longo do percurso narrativo que com ele acompanharemos.
Ele é Rama (Iko Uwais) e seu dia se inicia com
a expectativa de uma missão suicida: Junto de vários outros integrantes de um
batalhão de choque da polícia de Hong Kong, eles invadirão um conjunto habitacional
dentro do qual eles sabem está baseada uma perigosa e organizada facção do
crime –e os próprios antagonistas, Tama (Ray Sahetapy) e Mad Dog (Yayan Ruhian)
necessitam, também eles, de uma breve cena para que se note o quão cruéis e
implacáveis eles são.
O grupo entra no conjunto, sob as orientações
claudicantes do veterano sargento Wahyu (Pierre Gruno), e não tarda, lá pelo
sexto andar –de um total de quinze que o prédio tem –para que os bandidões
sejam alertados. Eles acionam a bem azeitada e truculenta máquina que é
controle pernicioso e tentacular que impuseram naquele local e os policiais
(rapidamente reduzidos a cinco sobreviventes) têm então o prédio todo atrás
deles enquanto se esgueiram pelos corredores tentando sobreviver.
Rama, contudo, tem uma razão até mais pessoal
do que o cumprimento do dever para estar lá: Um dos asseclas de Tama é Andi
(Donny Alamsyah), seu irmão, que ele pretende trazer são e salvo para o
convívio com a família –algo que, a partir de um determinado ponto, ele não
pode garantir nem para si mesmo.
E pronto.
Sem muitos artifícios mais (e plenamente
convicto da isenção deles) o diretor Evans elabora toda a premissa básica de
seu filme para, inserido nele, elevar ao máximo os quesitos de tensão e
adrenalina aos quais pode submeter o expectador. E, nesse sentido, “Operação Invasão”
é de uma precisão e execução primordiais.
Lembra muito os pulsantes e originalíssimos
exemplares que volta e meia saem da Coréia do Sul, plenos de ritmo
criatividade, mesclados aos exemplares contundentes, eletrizantes e memoráveis
de filmes de ação dos anos 1980.
“Operação Invasão” é tudo isso: Uma junção de
determinados elementos de cinema feito ao redor do mundo, e de conceitos
engendrados até mesmo em outras épocas, para juntos moldarem um dos mais
antológicos filmes de ação dos últimos tempos.
Fã incondicional deste
filme, o diretor J.J. Abrahams fez questão de colocar todo o elenco principal
do filme numa ponta sensacional em “Star Wars-O Despertar da Força”: Não coma
mosca, é a cena em que Han Solo é confrontado pelos membros do Kanjiklub!
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