Após grandes obras que definiram o panorama
cinematográfico da década de 1970, o diretor William Friedkin andou meio
diluído em projetos incapazes de expor a contento sua habilidade desigual e seu
talento feroz.
Ao chegar na década de 1990, suas grandes obras
já não ressoavam na forma de maiores oportunidades no cinema restando o consolo
da TV. É assim que chegamos a esta refilmagem televisiva do clássico de 1957
dirigido por Sidney Lumet que Friedkin encarou com disposição e energia.
Não há cenas externas em “12 Homens e Uma
Sentença”. De acordo com a propensão artística de Lumet, tudo nele sugere um
espetáculo essencialmente teatral, contudo, a obra de Friedkin estrapola essa
condição paulatinamente através de posicionamentos petulantes de câmeras e
jogadas cênicas que dão frenesi e alta voltagem a sua premissa.
Houve um crime (do qual temos apenas um indício
sonoro durante a tela preta que introduz o título). E há, assim, um julgamento.
Ou melhor: Já houve. O roteiro de Reginald Rose
(o mesmo do filme original) nos coloca diretamente na deliberação do júri,
quando a sentença do réu (um rapaz latino que pode ou não ser culpado do crime)
será decidida por doze jurados desconhecidos e anônimos.
A idéia é de que, se houver uma dúvida cabível,
a culpa pode ser revogada. Em princípio, não é isso que ocorre: Liderados com
certa ênfase por um senhor intransigente e apressado (George C. Scott, ótimo),
o júri chega rapidamente ao veredicto de culpado. Entretanto, dois jurados (os
magníficos Jack Lemmon e Hume Cronyn) levantam a possibilidade de uma série de
dúvidas cabíveis.
Os demais têm pressa. Mas, os dois, pouco a
pouco, os fazem ponderar melhor. Nesse processo, todos os doze jurados revelam
algo novo acerca de suas próprias considerações morais: O rapaz que, de início,
encara seu afazer com superficialidade, almejando ir ao jogo de futebol (Tony
Danza); o senhor polido, culto e aparentemente sábio que usa a própria
austeridade como forma de se proteger das incertezas (Armin Mueller-Stahl,
sensacional); o operário-padrão desinteressado em capitanear opiniões, mas
ciente das conseqüências (James Gandolfini, soberbo); o homem racista que,
perto do fim, revela suas verdadeiras e torpes intenções (Mykelti Willianson,
de “Forrest Gump”), e outros.
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