segunda-feira, 21 de maio de 2018

O Invasor


Retrato pulsante das efervescentes neuroses urbanas brasileiras somadas a um ímpeto criativo singular da parte de seus realizadores, “O Invasor” foi uma poderosa demonstração de estilo e vigor da parte de seu diretor Beto Brant e de seu roteirista Marçal Aquino que juntos empreenderam uma sucessão de trabalhos cinematográficos a partir dessa parceria.
Se tudo isso havia começado no ótimo “Os Matadores”, foi em “O Invasor” que as engrenagens passaram a funcionar com fluidez e eficácia notáveis.
Há um quê de suspense indissolúvel neste conto de situações do absurdo que oprimem até as raias do insuportável. Ivan e Giba (Marco Ricca e Alexandre Borges, ambos excelentes) são sócios numa empresa. Eles querem tirar um terceiro sócio de seu caminho e, para tanto, apelam para meios nada lícitos: Contratam os serviços implacáveis de Anísio (Paulo Miklos,da banda “Titãs”, em brilhante estréia cinematográfica), um matador de aluguel.
O serviço é executado, mas, o roteiro e a direção, ao invés de optarem pelo caminho do crime imperfeito que retorna para assombrar os envolvidos, dá um salto na direção de uma inusitada crônica de inconformismo social: Anísio, não mais interessado no ramo de matança, aproveita a deixa para interferir nos negócios de seus contratadores. Agora ele quer atuar no ramo deles, como um empresário.
Tão abrangente é a personalidade de Anísio que sua presença de fato acarreta efeitos irreversíveis sobre as vidas profissionais e pessoais de Ivan e Giba.
O ser humano em sua bestialidade incontida –mas, sempre a um passo de se deflagrar –é o x da questão neste filme onde o diretor Brant captura seus personagens no limiar de um choque inevitável.

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