Retrato pulsante das efervescentes neuroses urbanas
brasileiras somadas a um ímpeto criativo singular da parte de seus
realizadores, “O Invasor” foi uma poderosa demonstração de estilo e vigor da
parte de seu diretor Beto Brant e de seu roteirista Marçal Aquino que juntos
empreenderam uma sucessão de trabalhos cinematográficos a partir dessa
parceria.
Se tudo isso havia começado no ótimo “Os
Matadores”, foi em “O Invasor” que as engrenagens passaram a funcionar com
fluidez e eficácia notáveis.
Há um quê de suspense indissolúvel neste conto
de situações do absurdo que oprimem até as raias do insuportável. Ivan e Giba
(Marco Ricca e Alexandre Borges, ambos excelentes) são sócios numa empresa.
Eles querem tirar um terceiro sócio de seu caminho e, para tanto, apelam para
meios nada lícitos: Contratam os serviços implacáveis de Anísio (Paulo
Miklos,da banda “Titãs”, em brilhante estréia cinematográfica), um matador de
aluguel.
O serviço é executado, mas, o roteiro e a
direção, ao invés de optarem pelo caminho do crime imperfeito que retorna para
assombrar os envolvidos, dá um salto na direção de uma inusitada crônica de
inconformismo social: Anísio, não mais interessado no ramo de matança,
aproveita a deixa para interferir nos negócios de seus contratadores. Agora ele
quer atuar no ramo deles, como um empresário.
Tão abrangente é a personalidade de Anísio que
sua presença de fato acarreta efeitos irreversíveis sobre as vidas profissionais
e pessoais de Ivan e Giba.
O ser humano em sua bestialidade incontida
–mas, sempre a um passo de se deflagrar –é o x da questão neste filme onde o
diretor Brant captura seus personagens no limiar de um choque inevitável.
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