Na cronologia interna do filme contam alguns
meses desde que o grupo de Thomas –os mesmos que lutaram para escapar do
Labirinto no primeiro filme –sofreu mais do que uma simples perda: Eles foram
de certa forma traídos por um deles, a bela Teresa (Kaya Scodelario), que
deixou-os e passou a trabalhar arduamente na corporação C.R.U.E.L., responsável
por todos os pesadelos que eles viveram.
Na cronologia do mundo real –aquela que importa
para nós, expectadores –lá se vão três anos desde 2015, quando foi lançado
“Maze Runner-A Prova de Fogo”, que encerrou-se em tal gancho.
As filmagens estavam programadas (e sendo
executadas) para que a janela de tempo fosse a mesma entre o primeiro e o
segundo filme (cerca de um ano), mas então um grave acidente envolvendo o astro
da produção, Dylan O’ Brien, quase pôs tudo a perder.
Na época especulou-se até a possibilidade de
“Maze Runner” ser engavetada, deixando a saga sem um desfecho, mais eis que
agora temos “A Cura Mortal” para podermos conferir o fim de toda a história.
É notável perceber que, apesar de todos os
revezes, a direção de Wes Ball continua tão inspirada quanto objetiva: Sua
eficiência resulta do salutar fato de que ele não almeja fazer mais do que é
capaz; “A Cura Mortal”, como os filmes que o precederam, entrega ação e
suspense nos níveis intensos a que espera o público. E tudo o mais é lucro.
Felizmente, há, sim, algo mais.
Thomas (que O’ Brien interpreta sem um pingo de
hesitação pelo acidente sofrido) e os demais sobreviventes desse desolado mundo
futurista concebido pelo escritor James Dashner vivem sob uma rotina de
guerrilha. A cena eletrizante que abre o filme acompanha uma tentativa –que se
revela, depois, frustrada –de recuperar outro dos seus, Minho (vivido por Ki
Hong Lee, certamente um dos preferidos dos fãs).
Mas, essa busca os levará ainda mais longe.
Para a assim chamada última cidade restante no mundo, uma metrópole cercada por
muralhas gigantescas que deixam de fora os excluídos e fugitivos (como Thomas e
sua turma), dentro da qual a C.R.U.E.L. e seus cientistas trabalham para criar
uma cura para o vírus Fulgor –e foi a busca por essa cura que levou Thomas e os
outros a virarem praticamente ratos de laboratório do primeiro filme, e serem
brutalmente perseguidos no segundo.
Dentro dessa cidade, eles sabem, também está
Teresa, trabalhando com a Dra. Ava Paige (Patricia Clarkson) a potencial vilã
desta história –embora esse e outros conceitos sejam maravilhosamente
embaralhados por novas revelações (incluindo o reaparecimento quase milagroso
de um dos personagens mais interessante da saga).
O episódio final de “Maze Runner” então inverte
a equação do filme original (se antes precisavam sair do labirinto, agora, eles
precisam achar um meio de entrar!) para confrontar os personagens com suas
próprias escolhas –incluindo Teresa cuja importância na trama é de uma
ambiguidade notável –enquanto enfatiza ainda mais a importância de Thomas na
resolução de todos os ganchos narrativos.
O diretor Wes Ball faz um bom trabalho –tanto
que sua inexperiência só é perceptível já na reta final quando, um tanto já
enamorado dos personagens e da premissa, ele parece perder um pouco de sua
admirável objetividade e mostra-se indeciso entre qual instante de fato deve,
afinal, abandoná-los.
Algo perfeitamente perdoável diante de
personagens tão carismáticos e de uma trama tão envolvente.
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