quarta-feira, 27 de junho de 2018

O Homem Que Desafiou O Diabo


Realizador de tantas obras famigeradas na filmografia nacional, como “A Dama do Lotação” (com Sonia Braga), “Navalha Na Carne” (com Vera Fischer), “Dom” (com Maria Fernanda Candido) e a deplorável refilmagem de “Bonitinha, Mas Ordinária” (com Letícia Colin). O diretor Moacyr Góes fez, em 2007, o que talvez seja seu melhor filme com esta despretensiosa adaptação de “As Peleias de Ojuara”, de Ney Leandro de Castro.
Seu herói, vivido com inquestionável simpatia por Marcos Palmeira, é mais um dos tantos pobres coitados do sertão. Araújo numa aproximação com o Dom Quixote desafortunado e atrapalhado da literatura é pintado como um covarde –ainda que o filme encontre poucas soluções funcionais para demonstrar isso –ele padece pelos comentários alheios que dizem respeito, sobretudo, à tirania com que é tratado pela mulher (vivida por Lívia Falcão, cuja personagem, também ela, não encontra no roteiro uma definição harmoniosa com o que se diz dela).
Um dia, Araújo dá um basta a isso tudo e muda completamente.
Ele torna-se outra pessoa, Ojuara (Araújo, de trás para frente...), e esta nova persona, ao contrário da outra, tem coragem de sobra.
Tanto que chama para briga o próprio capeta em pessoa, que ele enfrenta em diversos encontros ao longo dos anos, nas mais diversas formas –seja nas curvas da sensacional Flavia Alessandra, ou nos trejeitos de um desaforado trovador.
Os embates sucessivos com o cramulhão, entretanto, custam-lhe a vida da mulher que ama (vivida pela inebriante Fernanda Paes Leme).
Irregular, Moacyr Góes dirigiu este filme em tom de fábula obtendo bons momentos para o péssimo diretor que é. Atenção para a nudez da linda Fernanda Paes Leme.

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