Quando começa, o humor deliciosamente
oitentista do filme já comparece nos créditos iniciais onde se lê: “Há muito
tempo, numa galáxia muito, muito distante...” –assim, naquela que deve ser uma
das mais descaradas referências à “Star Wars” (e muito antes de referências se
tornarem habituais em comédias), logo o filme intercala sua ambientação “Ohio,
1956”.
“Mischief” –ou, “A Primeira Transa de Jonathan”
título em português que, como veremos à frente não chega a ser representativo
ao filme –em seu humor prazeroso e ingênuo, mas não destituído das malícias
inerentes aos filmes sobre adolescentes com hormônios em ebulição, se situa
como um meio-termo entre o tom libidinoso de comédias eróticas como “Porky’s” e
o romantismo mais inocente das obras de John Hugues, como “Clube dos Cinco” ou
“A Garota de Rosa Shocking”; o quê faz dele um exemplar um tanto interessante
entre os trabalhos popularescos da década de 1980.
O protagonista Jonathan (Doug McKeon) obedece
às características da maioria dos aparvalhados heróis de comédias adolescentes
daqueles tempos: É tímido, franzino, atrapalhado e completamente apaixonado
pela bela e deliciosa Marilyn (Kelly Preston, um sonho!), garota que, ele tem
quase certeza, até então jamais notou sua existência.
As coisas começam a mudar para Jonathan quando
ele conhece seu novo vizinho Gene (Chris Nash, que quando eu vi o filme pela
primeira vez, ainda bem jovem, nos anos 1980, eu jurava que era o John
Travolta!).
Na sua atitude rebelde e na postura que tem
tudo a ver com James Dean (cujo “Juventude Transviada”, a referência-mor para
este filme, é exibido, citado, mencionado e recriado em diversos momentos),
Gene é tudo que Jonathan não é: Alguém que, de imediato chama a atenção das
garotas; inclusive da angelical Bunny (Catherine Mary Stewart), o quê o coloca
em rota de colisão com o almofadinha pretendente dela, o arrogante Kenny (D. W.
Brown).
Jonathan e Gene se tornam grandes amigos, e
acaba virando uma cruzada para este último conseguir fazer com que Jonathan
leve a cobiçada Marilyn para a cama –e isso acontece, não no desfecho do filme,
como se poderia imaginar, mas, lá pela metade, deixando claro que não é “a
primeira transa de Jonathan” o cerne da história ou da narrativa: Embora, sem
sombra de dúvida, a cena onde a maravilhosa Kelly Preston fica nua (com
méritos, uma das grandes cenas de nudez do cinema) seja a razão pelo qual o
filme é lembrado.
Na verdade, o centro da questão para o filme
vem a ser o amadurecimento de Jonathan e a busca de Gene por sua própria
felicidade ao lado de Bunny.
Nesse sentido, é bastante curiosa a inversão
que ocorre ao filme tornando protagonista aquele que em outros casos seria o
alívio cômico (Jonathan) e colocando como coadjuvante o personagem que leva
jeito para ser o principal (Gene).
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