quarta-feira, 25 de julho de 2018

Enquanto Você Dormia


Após ter sido revelada para o público em um bom papel na aventura de ação “Velocidade Máxima”, em 1994 –embora já tivesse uma carreira considerável antes disso –a atriz Sandra Bullock teve a felicidade de embarcar num projeto que revelou suas mais reluzentes qualidades: O aspecto de ‘moça comum’, a despeito da beleza cinematográfica, e, sobretudo, a capacidade cativante de encantar completamente a platéia.
Este projeto, claro, era uma comédia romântica.
E como tal, “Enquanto Você Dormia” tem todos os reflexos condicionados do gênero, padece de todas as deficiências que se pode presumir –inclusive uma negligência rudimentar para com a premissa e as motivações –e contenta-se, como cinema, em entregar o óbvio e fazer o básico. Com efeito, “Enquanto Você Dormia” só fez sucesso de público; só chegou a ser notado pela crítica; e só vale a pena ser recordado hoje, uns vinte anos depois de sua realização, por causa exclusivamente de Sandra Bullock.
Ela interpreta Lucy Moderatz, uma jovem e sonhadora nova-iorquina que amarga a mediocridade de trabalhar no guichê do metrô. Lucy, contudo, é otimista, e muitos de seus sonhos de felicidade estão direcionados para o executivo anônimo (vivido por Peter Galagher) que passa diariamente em sua estação; Lucy está apaixonada por ele.
Parece, portanto, uma providência do destino quando, certo dia, o rapaz é empurrado da plataforma e cai desacordado no trilho do trem: É Lucy quem o acaba salvando.
Mais: No hospital, ela descobre que com a forte batida na cabeça ele entrou em coma e, devido a uma sucessão de mal-entendidos dos quais ela não tem controle, a numerosa família dele acaba pensando que ela é sua noiva!
Maravilhados com a moça que Peter (o nome do rapaz) ainda não tinha lhes apresentado (e que ainda por cima lhe salvou a vida!), os familiares –a mãe (Micole Mercurio), o pai (Peter Boyle), o tio (Jack Warden) e a avó (Glynis Johns) –a recebem calorosamente de braços abertos; e tão amorosos eles são que Lucy não tem coragem para desmentir o equívoco.
Entretanto, alguém tem lá suas suspeitas: É Jack, irmão mais velho de Peter (e interpretado por Bill Pullmann, ator até então associado a tipos de coadjuvantes azarados e perdedores que, um ano depois, esteve no sucesso “Independence Day” e estrelou o desafiador “A Estrada Perdida”, de David Lynch).
Mais perspicaz do que sua alegremente desleixada família, Jack percebe as incoerências na história de Lucy, e passa a vigiá-la bem de perto –tão de perto que, pouco a pouco, os dois começam a se apaixonar; e, se há nesta produção algo genuíno e indiscutível é a forma como Sandra Bullock consegue ser apaixonante dentro e fora do filme.
É ela e sua doçura bem administrada que conduz o expectador através da trama do filme com suas reviravoltas pouco surpreendentes, mas ainda assim (graças a ela) prazerosas de se acompanhar.

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