“Capitão América-Guerra Civil”, lançado em
2016, provocou desdobramentos tão contundentes no Universo Marvel
Cinematográfico que praticamente todos os filmes que lhe sucederam –à exceção
de “Guardiões da Galáxia Vol. 2” e “Thor-Ragnarok” –são, de uma forma ou de
outra, seqüências de seus acontecimentos.
É isso o que acontece nesta segunda aventura do
Homem-Formiga que, embora resgate aspectos da trama de origem do primeiro filme
do herói, acaba tendo que levar em conta a importante participação dele em
“Guerra Civil”.
Dois anos depois, encontramos Scott Lang (o
ótimo Paul Rudd) em prisão domiciliar –com rastreador no tornozelo e tudo o
mais –após ter feito um acordo quando lutou ao lado do Capitão América e acabou
preso.
Ao longo desses dois anos, seus parceiros no
primeiro filme, o cientista Hank Pym (Michael Douglas, esbaldando-se no
personagem) e a filha Hope Van Dyne (Evangeline Lilly, fantástica), trabalharam
exaustivamente em torno de uma descoberta acidental do próprio Scott: Durante
sua luta contra Jaqueta Amarela –que o obrigou a arriscar-se e diminuir seu
tamanho em nível subatômico –Scott teve um vislumbre do chamado Mundo Quântico;
um local indeterminado ao qual se chega quando a miniaturização é tão extrema
que a pessoa vai para em uma outra dimensão.
Supunha-se, portanto, que ninguém conseguia
voltar do Mundo Quântico. E foi esse destino que teve Janet Van Dyne (Michelle
Pfeiffer, pra variar, maravilhosa), mãe de Hope e esposa de Hank, quando, à
muito tempo precisou miniaturizar-se em nível subatômico para salvar vidas:
Essa notável seqüência, esboçada por alto no primeiro filme, é melhor detalhada
já na abertura desta continuação.
Contudo, como Scott foi capaz de retornar de
lá, as esperanças de Hope e Hank se reavivaram, e nos dois anos que se
seguiram, eles estiveram projetando o Túnel Quântico que permitiria a eles
adentrar tal lugar com uma nave, e de lá, com alguma sorte, trazer Janet viva.
Em algum momento, eles precisarão da ajuda de
Scott –cujos dois anos de prisão domiciliar estão prestes a expirar desde que
se comporte –e da experiência sem precedentes que ele teve no Mundo Quântico;
isso sem falar de suas habilidades como Homem-Formiga, habilidades estas que,
empregadas em conjunto ao lado de Hope (que assume, por sua vez, o codinome e o
uniforme de Vespa), formam uma dupla espetacular.
Dirigido pelo mesmo Peyton Reed que desde o
filme anterior deu um salto qualitativo em relação aos seus outros trabalhos, e
roteirizado com excelência por Adam McKay –cujo talento foi reconhecido com o
Oscar de Melhor Roteiro Original por “A Grande Aposta” –“Homem-Formiga e A
Vespa” é mais do que uma mera seqüência do filme anterior (embora, claro,
também o seja): A narrativa faz verdadeiros malabarismos para amarrar com
eficácia e descontração aos pontas soltas de “Homem-Formiga” e “Capitão
América-Guerra Civil” que vêem a determinar muitos dos rumos que este filme
toma –e que ainda por cima, sabe-se, levará, de uma forma ou de outra, aos
eventos de “Vingadores-Guerra Infinita”, cuja trama se passa cronologicamente
depois deste filme, embora tenha sido lançado antes.
“Homem-Formiga e A Vespa” curiosamente, ao dar
conta das narrativas de tantos personagens (são cerca de três núcleos bem
distintos costurados habilmente pela presença em comum de Scott Lang em todos
eles), e por conta disso encontrar uma de suas poucas fragilidades, é um filme
de super-heróis praticamente desprovido de um vilão (!): Nem o personagem de
Walton Coggins (um criminoso mais oportunista do que ameaçador), nem mesmo a
perigosa Fantasma (interpretada por Hannah John-Kamen, de “Jogador Nº 1”)
chegam a ocupar esse posto –uma vez que na trama e no modo como é mostrada, seu
papel é mais de uma vítima do que de uma antagonista.
Na comparação com o arrebatador “Guerra
Infinita”, “Homem-Formiga e A Vespa” se revela mais despretensioso e pueril –e,
talvez, isso justifique certa impaciência da crítica para com ele –mas, em sua
diversão plena (e na heroína formidável que finalmente entregam nas formas
sensacionais de Evangeline Lilly) é mais uma bela realização da Marvel Studios.
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