quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Muralhas do Pavor


Grande nome das fileiras do cinema B de terror norte-americano, o diretor e produtor Roger Corman sempre se mostrou eclético, peculiar e incansável: Sua filmografia, entre produções e direções, comporta mais de 200 títulos que passeiam por praticamente todos os gêneros, do faroeste à comédia, do policial ao terror.
E todos têm como característica uma enxuta economia de orçamento e um excessivamente prático cronograma de realização –alguns filmes eram filmados e finalizados em poucos dias.
Lançado na década de 1960 –quando Corman iniciou um cilco de adaptações de Edgar Allan Poe com um pouco mais de dinheiro do que era o seu habitual –“Muralhas do Pavor” é um dos, digamos, clássicos realizados por Corman na medida em que todas as restrições habituais enfrentadas pelo realizador (sobretudo, neste caso) não o impedem de seduzir com o mistério, intrigar com o suspense e satisfazer com a sofistação.
Dividido em três episódios (uma prática também comum à Corman), “Muralhas do Pavor” começa adaptando o conto “Morella” no qual testemunhamos o regresso de uma jovem (Maggie Pierce) ao tenebroso castelo onde vive seu pai (Vincent Price, ator predileto de Corman que comparece, em diferentes papéis, nestas três histórias). A moça, porém, não tarda e fazer uma descoberta estarrecedora: O cadáver da mãe, morta 26 anos atrás, ainda é conservado, por meio de técnicas macabras e mirabolantes, pelo pai.
O segundo conto promove uma fusão entre “O Gato Preto” (e dele acaba levando o título) e “O Barril de Amontilado” enquanto conta a trama sinistra onde um casal (Price novamente e a bela Joyce Jameson), ao fazer amizade com nuances de rivalidade com um bêbado de comportamente muito estranho (Peter Lorre, magnífico), dá início a uma série de terríveis acontecimentos.
O filme se encerra com “O Caso do Sr. Valdemar” onde um homem à beira da morte (Price) é submetido à uma sessão de hipnose com a intenção de prolongar-lhe a vida pelo excêntrico Dr. Carmichael (Basil Rathbone).
De impecável atmosfera gótica.
Todos pertencem àquele universo tenebroso –no qual o escritor Edgar Allan Poe não tardou a se revelar um mestre –onde a morte e seus desdobramentos mais sombrios e inacreditáveis encontram um meio de infectar o bem-estar dos vivos.

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